Se você conhece alguma coisa sobre Jiu-Jitsu, sabe quem é Roger Gracie.
Considerado o maior competidor de todos os tempos, com dez títulos mundiais na faixa-preta, o filho de Maurição e Reila Gracie costuma ensinar o que sabe em seminários concorridos pelo mundo. Como este, em agosto de 2015, na escola GB do primo Kayron, na Califórnia.
Roger, que nunca foi finalizado na faixa-preta e nunca foi derrotado na sua divisão de peso, respondeu a diversas perguntas dos presentes, sobre guarda 50/50, montada e preparação física. O repórter Ivan Trindade acompanhou o seminário na Gracie Barra Fullerton e colheu sete dicas valiosas do astro para você. Confira e estude, sempre.
1. Aumente seu gás no Jiu-Jitsu com intervalos curtos
Um aluno perguntou a Roger o que ele faz em termos de treinamento físico antes de competições. Roger admitiu que faz preparação física para manter seu corpo em boas condições, mas deixou claro que isso não pode ser o principal objetivo. “Para ficar preparado fisicamente para lutar Jiu-Jitsu, treine Jiu-Jitsu o máximo que puder. Outras atividades podem ajudar, mas também podem atrapalhar. Se você faz muita musculação, você vai ficar duro, e o Jiu-Jitsu requer mobilidade e flexibilidade. Você pode correr o quanto quiser, mas isso não será tão eficiente quanto treinar várias sessões com intervalos curtos entre os rolas, para acostumar seu corpo com dureza da competição. Se você quiser ter pegadas fortes no kimono, malhar não é o principal. Melhor é treinar e fazer o máximo de esforço para que elas não sejam quebradas pelos colegas durante o treino”, ensinou.
2. Roger Gracie foi um “faixa-azul fraco”
Roger não nasceu sendo a fera que se tornou. Ele recordou seu tempo de faixa-azul para demonstrar a importância de escolher seus parceiros de treino para evoluir mais rápido. “Nos anos 1990, eu era um faixa-azul fraco na Gracie Barra, no Rio, e tinha uma quantidade incrível de talentos no tatame naquele tempo. Eram vários campeões mundiais na faixa-preta e treinei muito com eles. Isso me deu uma base muito forte. Essa é a principal razão de eu ter desenvolvido o que as pessoas chamam de um ‘jogo simples’, mas muito eficiente. É na faixa-azul que você desenvolve sua base no Jiu-Jitsu”, explicou Roger.
3. Convença a si mesmo que você é melhor que seus oponentes
Outro aluno perguntou a Roger sobre como trabalha sua mente ao entrar na competição. Ele disse que sempre falava a si mesmo que venceria a todos os oponentes. “Não tenho a intenção de ser arrogante. Mas é preciso dizer a si mesmo que você está indo para ganhar e que você tem a capacidade de realizar tal feito”, pregou o Gracie.
4. Perca muito nos treinos para afiar a defesa
Também dos tempos em que era um “faixa-azul fraco”, Roger deu outra valiosa lição quando perguntado sobre como desenvolveu o outro lado de seu Jiu-Jitsu – seu eficaz jogo defensivo. “Ao treinar com pessoas melhores que eu, me via constantemente em situações perigosas, então, comecei a tentar maneiras diferentes de defender e escapar. Por exemplo, se o cara estava me estrangulando pelas costas, eu virava a cabeça para um lado e batia, virava para o outro lado e batia, mas ao virar a cabeça de uma maneira e baixar o queixo, via que era possível resistir. Assim encontrei maneiras de defender chaves de braço, defender as costas e assim por diante. Eu trabalhei muito com tentativas e erros”, lembrou.
5. Deixe seu oponente desconfortável antes de querer finalizar
Roger ensinava um ajuste de kimura que começava no cem-quilos quando chegou a uma posição em que colocava todo o seu peso no braço de seu oponente. Nesse momento, ele parou e falou aos alunos. “Reparem onde eu coloco meu braço sob o dele. Faz uma grande diferença onde coloco meu braço. Se eu ponho perto do cotovelo, não tenho tanta pressão quando jogo meu peso sobre ele. Por outro lado, se posiciono meu braço mais próximo à axila dele, vocês notam como imediatamente ele começa a emitir sons de desconforto? Aqui, ele está desconfortável, então, tenho o melhor controle”, detalhou.
6. Jogo clássico ou moderno, o objetivo do Jiu-Jitsu deve ser sempre a finalização
Roger também foi perguntado sobre algumas técnicas novas em evidência, como a guarda 50/50, berimbolo etc. Ele não poderia ser mais claro. “Não gosto de técnicas que fazem a luta ficar presa. Para mim, o objetivo deve ser a finalização, sempre. Não quero que você fique preso na minha guarda e não quero ficar preso na sua guarda, então, não uso técnicas que me fazem ficar preso numa luta”, comentou.
7. Quando estiver montado, certifique-se que você não será capotado. Então ataque
O apelido de Roger é “Cobertor”, pelo modo como cobre seus oponentes quando chega à montada. Ele explica: “Uma vez que eu consigo a montada, meu primeiro objetivo é ficar ali e, então, atacar. Depois que boto a primeira mão na gola do meu oponente, é quando fico vulnerável à inversão. Então, o que faço? Uso meu outro braço para me apoiar e defender a inversão, e depois posiciono o topo da minha cabeça no solo. É aí que eu entro a segunda mão. Se o oponente está defendendo bem a gola, eu vou em volta de sua cabeça e coloco apenas o dedão dentro da sua gola antes de ir para o estrangulamento”, ensinou Roger.
Qual foi sua dica favorita, amigo leitor?
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