Especialista na didática para as turmas infantis, o professor Diego Asenjo, nosso GMI do Centro de Lutas Nova Geração, na Zona Sul do Rio de Janeiro, revela falhas comuns que devem ser evitadas nas aulas para as divisões de base da arte suave.
“O trabalho que proponho para as crianças na Nova Geração Leblon não se resume a ensinar técnicas, valorizo uma didática muito mais abrangente, transmitindo valores que perduram por toda a vida, como respeito, disciplina, foco e amor”, analisa o professor Diego, que além de faixa-preta, discípulo de Francisco Albuquerque, o “Toco”, também é formado em Educação Física.
“No fundo há um sentimento de retribuição. Foram as aulas de Jiu-Jitsu que me ajudaram a seguir por muitos caminhos desafiadores ao longo da vida. Na infância, me ajudou muito a me impor frente a situações de conflito, me ajudou a desenvolver minha parte física. Fiz muitos amigos ao longo desses anos de prática, amigos que conheci treinando na academia. Foi a arte suave que fez eu escolher a minha profissão, a qual hoje exerço com muito amor.”
Rigoroso ao elaborar a estrutura de suas aulas, Diego jamais deixa de lado a parte da diversão. “Afinal de contas, são crianças, nunca podemos esquecer disso. É errado querer que elas se portem como adultos”, analisa o professor.
A seguir, o faixa-preta revela as falhas mais comuns, as quais devem ser evitadas na formação das divisões de base da arte suave. Confira!
1. O professor não deve se propor a dar aulas para crianças única e exclusivamente por dinheiro. É preciso em primeiro lugar gostar de criança e em segundo lugar se preparar para tal.
2. O professor não deve se perder na hierarquia das aulas. Quem determina as regras dentro do dojô é o mestre, devemos ser rígidos, duros às vezes, e educativos, porém sem perder a ternura e o carinho.
3. O professor não deve tratar a criança como um “adulto pequeno”: temos que ter muita atenção com o volume, intensidade e complexidade dos exercícios.
4. O professor não deve abrir mão da essência do Jiu-Jitsu. Devemos abordar o Jiu-Jitsu em sua totalidade: fundamentos, projeções, luta de chão, defesa pessoal e competição.
5. O professor não deve ignorar a progressão na transmissão do conhecimento. Existe uma ordem lógica, não adianta ensinar um movimento de extrema complexidade sem antes a criança aprender o fundamento, o básico. Uma base bem sólida abre caminho para um Jiu-Jitsu mais refinado e competitivo.
6. O professor não deve misturar as faixas etárias. Gosto de dividir em Grupo 1 (2 a 5 anos), Grupo 2 (6 a 11 anos) e Grupo 3 (12 a 15 anos).
7. O professor não deve culpar o aluno por não aprender uma técnica. É responsabilidade do professor encontrar um novo modo de a criança entender e conseguir executar tal ação.
8. O professor não deve se limitar às técnicas de combate. É preciso ir além, complementando a formação que os pais transmitem em casa e os professores, na escola. Portanto, o professor de Jiu-Jitsu deve valorizar o respeito, a disciplina, a amizade, o trabalho em equipe, mostrar aos alunos que eles podem aprender tanto com as vitórias, como também com as derrotas.