Leandro Cunha e Sarah Menezes (foto) conquistaram no domingo mais duas medalhas para o Brasil no Campeonato Mundial de Judô, em Tóquio. O meio-leve foi medalha de prata enquanto a peso ligeiro ficou com o bronze na competição.
Mesmo ao passar em branco nas disputas do absoluto nesta segunda-feira (com Walter Santos, Rafael Silva e Luciano Correa), a seleção brasileira ficou em sétimo lugar geral. Com isso, igualou três recordes: o de colocação, o recorde de participação em finais em um Mundial (três no Rio de Janeiro 2007) e o de medalhas (quatro no Rio 2007), informa nossa colega Manoela Penna, de Tóquio.
Além disso, essa foi a melhor participação feminina em Mundiais com uma prata e um bronze. No total o Brasil conquistou três pratas (Mayra Aguiar/78kg, Leandro Guilheiro/81kg e Leandro Cunha/66kg), um bronze (Sarah Menezes/48kg) e três quintos lugares (Rafael Silva/+100kg, Flavio Canto/81kg e Erika Miranda/52kg), além do sétimo lugar de Tiago Camilo/90kg. Em quantidade de medalhas conquistadas, o Brasil aparece em terceiro lugar entre 111 países atrás apenas de Japão, com uma campanha avassaladora de 18 medalhas (8/4/6) e França com cinco (dois ouros e três bronzes).
“Mostramos que temos uma equipe bem homogênea. Apesar de serem resultados individuais, essas medalhas são fruto do conjunto, da união da equipe”, diz o coordenador técnico da Confederação Brasileira de Judô, Ney Wilson. “Sem dúvida foi um Mundial muito bom em função da dificuldade da competição sem repescagem e com um recorde de participantes, com dois judocas por país. Ainda assim poderíamos até ter ido melhor, foi questão de detalhe. Estamos no caminho certo e nossa equipe jovem mostrou o enorme potencial que tem”, acrescentou.
Depois de um começo promissor com as medalhas de Mayra Aguiar e Leandro Guilheiro nos primeiros dias, o Brasil subiu ao pódio novamente com a jovem Sarah Menezes, de 20 anos e de Leandro Cunha, o Coxinha, que apesar dos seus 29 anos, como Sarah disputava apenas seu segundo Mundial.
“Foi a vitória da perseverança. Não tenho nem palavras para falar dessa conquista”, disse emocionado o judoca do clube Pinheiros/SP. “Essa medalha de prata me motiva ainda mais a continuar treinando em busca de um bom resultado nas Olimpíadas. Marquei pontos importantes para o ranking mundial e espero estar ainda mais forte no ano que vem”, disse Coxinha que, antes da decisão, recebeu o apoio dos medalhistas olímpicos Flávio Canto, Leandro Guilheiro e Tiago Camilo na área de aquecimento.
Reserva do medalhista olímpico Henrique Guimarães até 2004 e depois do bicampeão mundial João Derly entre 2005-2008, Coxinha viveu um grande momento na carreira em 2007, ao ser prata no Torneio de Paris (hoje Grand Slam de Paris) e ouro na Copa do Mundo de Budapeste. Mesmo assim só veio disputar seu primeiro Mundial no ano passado em Roterdam.
“O tempo faz a gente amadurecer e refletir”, pondera o meio-leve, que esse ano, porém, fez uma temporada tímida devido a uma lesão no joelho. “Agradeço à comissão técnica por ter apostando em mim e me convocado mais uma vez”, completa Coxinha, que comemorou a vitória sobre o vice-campeão mundial Sugoi Uriarte (ESP) com um embala neném.
A notícia da gravidez de quatro meses de sua mulher Flávia foi dada assim aos companheiros de equipe.
“Guardei para falar na hora certa. Estou duplamente feliz”, diz Coxinha, cuja final foi contra o campeão mundial júnior de 2009 Junpei Morishita (JPN).
Já a bicampeã mundial júnior Sarah Menezes aparecia como uma das favoritas ao pódio no ligeiro. Cabeça de chave da competição, a piauiense já havia conquistado o quinto lugar em seu primeiro mundial sênior em 2009. Dessa vez, porém, não deixou a medalha escapar.
“É maravilhoso! Lutei muito e tenho certeza de que fiz o possível e o impossível para merecer essa medalha hoje”, disse a atleta da Academia Expedito Falcão/PI. “Meu sonho ainda é uma medalha olímpica e tenho certeza de que se continuar desta maneira posso torná-lo realidade”, completou.
Na semifinal, uma luta eletrizante contra a campeã mundial e líder do ranking mundial Tomoko Fukumi/JPN foi até o último segundo, só decidida pelos árbitros após o tempo normal e prorrogação: 3 a 0 para a japonesa. “Perdi no fôlego pois ela se mexe muito e parece incansável. Usei toda minha energia para tentar vencer e consegui encaixar alguns golpes. Foi uma boa luta”, avaliou Sarinha.
Já contra a vice-campeã olímpica e multi-medalhista mundial Frederique Jossinet (FRA) na disputa do bronze, um duelo de gerações em que a juventude venceu a experiência (a francesa tem 35 anos). “Já tinha treinado bastante com ela e sabia exatamente o que fazer. Foi só acontecer o momento certo”, afirmou a piauiense.
Com sorriso no rosto e a bela medalha com a imagem de Jigoro Kano no pescoço, Sarah Menezes vibrava por ter conquistado seu primeiro pódio em Mundial Sênior no berço do judô.