No Mundial 2013, no primeiro fim de semana de junho, o craque Bernardo Faria experimentou aquele sabor estranho que somente o Jiu-Jitsu proporciona.
No dia seguinte em que perdeu para Marcus Buchecha na semifinal do aberto, Bernardo recuperou as forças para brilhar na categoria superpesado.
O mineiro, que agora treina com Marcelinho Garcia em Nova York, superou o novato João Gabriel para comemorar seu bicampeonato mundial na faixa-preta.
Bernardo Faria falou sobre vitórias, derrotas e analisou a raspagem que sofreu do campeão absoluto Buchecha. Confira:
GRACIEMAG: Você chegou perto de vencer Marcus Buchecha no absoluto, mas acabou raspado no finzinho. Como avalia aquela disputa?
BERNARDO FARIA: Fiquei satisfeito de ter lutado bem e fiquei feliz de ver o pessoal falando que foi uma das melhores lutas do campeonato. Dei meu máximo e tentei tudo que podia. Só fiquei um pouco chateado porque no final ele me raspou com a pegada na boca da calça. Ele mesmo me confirmou depois da luta, mas acontece. Foi um movimento muito rápido e os juízes não conseguiram ver. Como eu disse, não quero em momento algum tirar os méritos dele, até porque ele não fez a pegada de propósito, foi rápido e provavelmente foi o primeiro pano que apareceu para ele, e isso faz parte do esporte. O Buchecha está de parabéns pelo Jiu-Jitsu que apresentou neste campeonato mais uma vez. Fica até difícil dizer o que faltou, dei tudo de mim e tentei ir pra cima o tempo todo, pois estava muito bem preparado e com bastante condicionamento físico. Mas é assim mesmo, mais uma vez foi o dia dele. Vou continuar treinando forte e focado para tentar vencê-lo na próxima.
Depois sua missão foi enfrentar o novato João Gabriel, que pegou a faixa-preta agora. O que achou dele como oponente?
Foi uma final difícil. João Gabriel é um garoto que vem evoluindo muito, é forte, pesado, derruba bem e faz guarda bem também. Entrei concentrado para tentar errar o mínimo possível e manter a luta no meu jogo, nas minhas posições, pois sabia que qualquer erro poderia custar a luta. E quase aconteceu, teve um momento em que ele veio para minhas costas, e ali eu havia perdido o controle da luta, mas consegui fazer a defesa certinho e voltei atacando.
Vocês já tinham lutado?
Sim, conheço o João há muito tempo. Já treinamos uma vez em Juiz de Fora quando ele ainda era juvenil, depois treinamos de novo no Rio quando ele era faixa-roxa. Lutei com ele no Brasileiro de Equipes, ele ainda de marrom e eu de faixa-preta e agora nos encontramos na final do Mundial. Então eu já o conheço bastante e sabia a pedreira que teria pela frente. Eu gosto muito dele e sempre gosto de vê-lo lutar, porque ele sempre mostra muita vontade e garra nas lutas, o que eu admiro muito.
Bernardo, não tem como falar seu nome e não lembrar da excelente meia-guarda que você tem. Qual é o detalhe para ter uma boa raspagem de meia?
Não se pode deixar o adversário se ajeitar e se sentir confortável. Sempre procuro me ajeitar antes dele e trazer ele para a minha posição, ao contrário de esperar ele armar a passagem de guarda. No meu caso, acho que é a persistência e acreditar no meu jogo. A maioria dos meus adversários sabe o que vou fazer. Mas, pelo fato de eu fazer meia guarda há mais de dez anos procuro acreditar que mesmo eles sabendo, esses dez anos persistindo ali vão me levar à raspagem. Então eu vou bem movido a persistência.
Qual foi teu aspecto mais forte na competição?
Minha força de vontade junto com o suporte da minha equipe. Vim para o Mundial deste ano muito feliz com tudo que vem acontecendo em minha vida, com o suporte que a Alliance está me oferecendo, com a minha nova etapa em Nova York sendo aluno do Marcelinho e ainda com a presença do meu ex-professor Ricardo lá no ginásio. Juntou tudo, minha vontade de vencer, minha dedicação nos treinos e a presença do Fabio Gurgel, o Marcelinho Garcia e o Ricardo. Eu consegui lutar bastante feliz, com a cabeça boa e indo pra frente o tempo todo.