Com o bicampeonato mundial de Jiu-Jitsu em junho, o pernambucano Otávio Sousa (Gracie Barra), 26 anos, não conquistou somente a medalha de ouro e o reconhecimento dos fãs como melhor faixa-preta do mundo no peso médio.
O aluno de José Olimpio, o Zé Radiola, faturou também o convite para participar do ADCC em Pequim, na China, nos dias 18 e 19 de outubro deste ano, na divisão até 77kg.
Professor da Gracie Barra radicado em Irvine, Otávio comentou o próximo desafio e detalhou seus treinos em troca de emails com GRACIEMAG. Confira.
GRACIEMAG: Qual é a sensação de participar de seu primeiro ADCC, e logo na China?
OTÁVIO SOUSA: Foi a melhor coisa que podia ter acontecido, pois não pude participar da seletiva do ADCC Brasil em abril devido à correria aqui na Califórnia, com os treinos com kimono para o Mundial e as aulas na Gracie Barra. Esse convite chegou na hora certa, a competição é muito dura mas hoje sou um atleta mais maduro, com mais confiança. Sinto que minhas posições estão com mais precisão e ajuste de uns anos para cá. Vamos ver agora sem kimono. Ainda lembro quando eu era criança e assistia ao ADCC, com todos aqueles faixas-pretas dando espetáculos e realizando lutas inesquecíveis. Este ano vou lutar o mais clássico dos torneios sem kimono lá na China, e estou bem feliz por isso.
Que avaliação você faz da divisão até 77kg, do lendário Marcelo Garcia, que terá ainda o guilhotinador Leozada Nogueira e talvez Kron e outros?
A disputa vai ser acirrada, como de costume. É um peso um pouco mais leve do que costumo competir, que vai até 82kg. Então ainda tenho de perder um pesinho, mas nada demais. Estou empolgado e não me sinto assim tão novato, afinal já participei de outros eventos sem kimono. Em 2009, inclusive, fechei a categoria meio-pesado no Mundial Sem Kimono com meu parceiro Romulo Barral, aqui na Califórnia.
O que você muda no seu jogo durante um torneio sem pano?
O jogo muda um pouco só, mas você precisa fazer alguns ajustes. A diferença no fim das contas é que a luta desliza muito mais e não tem como fazer pegada da mesma forma. As técnicas precisam ser mais justas, para você não perder o golpe. E, claro, a atenção precisa ser redobrada nas pernas e nos pés, principalmente no ADCC, pois na regra todas as chaves são válidas. Como o lutador não tem nada para segurar se torna muito mais difícil de defender essas torções.
Como você vai treinar para o ADCC? Mudou algo?
Já estou focando nos meus treinos para se Deus quiser sair com a vitória. Estou treinando Jiu-Jitsu sem kimono com as feras da Gracie Barra e wrestling com Jacob Harman, da Calvery Chapel. Ele dá aulas para vários atletas de MMA, como Renato Babalu, Rafael dos Anjos, Beneil Dariush entre outros. Estou feliz de poder treinar junto com essas feras.
Qual o principal aspecto mental para vencer um torneio como o ADCC, Otávio?
Uma das receitas do sucesso é a confiança em si próprio. Eu trabalhei bastante nisso antes do Mundial, confiei no meu jogo e acreditei que ia me dar bem. Acredito no meu potencial e farei de tudo para sair vitorioso nessa também. Outra receita é nunca menosprezar nenhum adversário e jamais esperar luta fácil. Nesse aspecto o Mundial e o ADCC se parecem. Então vou continuar aplicando essa forma de pensar para a disputa em Pequim, e continuar focado e com a mesma disciplina de treinos que sempre tive.