O nocaute de BJ só surpreendeu quem não sabe “por que ele luta”

Share it

BJ nocauteou Hughes em 21 segundos no UFC 123, em novembro. Foto: Josh Hedges.

O nocaute fulminante em cima do velho rival Matt Hughes, bem como a descontrolada comemoração de menino por parte de BJ Penn, pode ter surpreendido quem achava que o ex-campeão dos leves tinha perdido a vontade de lutar MMA.

Enganaram-se. E só caiu nessa quem não leu a excelente autobiografia de BJ, fundamental para os fãs de MMA e também os de Jiu-Jitsu. No livro “Why I fight”, o faixa-preta havaiano detalha como sua consciência de lutador foi forjada nos primeiros treinos de Jiu-Jitsu, nos anos na academia de Ralph Gracie em San José, na Califórnia, e como ele de repente se viu lutando um MMA clandestino na Califórnia. Após vencer com um mata-leão em instantes, constatou: “Foi a melhor sensação de minha vida”.

http://www.youtube.com/watch?v=ZBovfYMAG-o

Confira alguns dos bons trechos (traduzidos por nós) da parte em que BJ ainda era um jovem franzino viciado em Jiu-Jitsu, e torça para alguma editora esperta editar a obra no Brasil.

No começo do livro, BJ era um adolescente quando decidiu investir nos treinos de Jiu-Jitsu e rumou para a Califórnia, no início do verão de 1997. No primeiro mês de treinos, teve a chance de dar um rola com o então ídolo do UFC Frank Shamrock, a quem ele a princípio nem reconheceu.

Sobre o primeiro campeonato, ainda faixa-branca, ele conta:

“Quando o som anunciou meu nome, eu estava nervoso como nunca antes, e quase comecei a chorar. Lá estava eu, num ginásio em frente a uma galera que me esperava para me ver lutar. Diferente do futebol, que você entra como parte de um time diante de uma torcida que você conhece, eu estava entrando ali sozinho. Parecia que o mundo estava me olhando. Eu não sabia o que fazer direito, então fiz o que parecia certo.

“Por sorte tudo veio rápida e naturalmente. Venci o peso até com facilidade, e acabei ganhando o absoluto também, apesar de encarar um cara de 220 pounds (100kg), contra os meus 135 (
Dei um triângulo voador nele e finalizei. Quando tudo acabou, senti que tinha sido a melhor coisa que eu conquistara até aquele dia”.

BJ fala dos treinos de Ralph também, quando por vezes tomava uns amassos, mas que isso foi lhe ensinando como ele um dia poderia ficar bom. Foi lá que BJ começou a treinar a parte em pé e a ver que ele realmente se virava bem. Mas seu foco era o Jiu-Jitsu.

“Nesse campeonato de Jiu-Jitsu (Joe Moreira), eu lutaria entre os azuis, mesmo ainda sendo branca. (…). Isso era algo que o Ralph era famoso por fazer, ele gostava de escalar os alunos em divisões mais duras para ver como eles se saíam. Isso serviria para enchê-los de humildade ou dar uma chance para se superarem.”

Sob a sugestão firme de Ralph, BJ estreou no vale-tudo contra um kickboxer.

“A Califórnia legalizou o MMA em dezembro de 2005. Mas lá estava eu, em 1997, lutando em algum ginásio de sunga, contra um kickboxer de calças de karatê, ele pelo menos uns dez quilos a mais que eu. Bem, mais uma luta é uma luta. (…) Enquanto aquecia, conversei com um jovem Dave Terrel, e falei que eu tive problemas para dormir na noite anterior. Ele, que olhava para baixo, levantou a cabeça sério e disparou: ‘Problemas para dormir ontem? Eu não durmo há três semanas!'”

A capa da autobiografia.

Ler matéria completa Read more