Por Jiuliano Leon, professor do @MundoMakoto
Como explicar o fenômeno Koga para a nova geração de lutadores brasileiros?
Para começar essa explicação, preciso sintonizar você, caro leitor, no espaço-tempo da carreira Toshihiko Koga.
Na transição entre os anos 1980 e 1990, o acesso à informação era muito mais difícil que nos dias atuais. Não havia internet e viagens internacionais e importações eram prazeres para poucos.
Assim, uma fita VHS com o título “101 ippons”, regravada e copiada pessimamente várias vezes, se tornou uma iguaria entre jovens judocas brasileiros. Quem tinha, via e revia várias vezes, cuidando com muito zelo para não se deteriorar de tanto assistir.
Nessa fita eram apresentados os 101 mais belos ippons da temporada do circuito mundial. No mesmo, uma figura carismática, arrojada e com golpes iguais, mas executados de forma impar, se destacava.
Numa época em que a coragem, a destreza e a forma de vencer importavam tanto ou mais do que o título propriamente dito, Koga se destacava na multidão. Sua coragem e sua genialidade era tanta que algumas vezes o fez perder títulos, mas o consagrou na história, naquela prateleira lá em cima, reservada aos gênios.
Mesmo sendo multicampeão japonês, campeão olímpico e tricampeão mundial, os títulos ficam à margem de sua grandeza. Pois são incapazes de descrever ou simbolizar o tamanho desse craque que perdemos hoje, por conta de um câncer.
A boa notícia é que você não precisa acreditar no meu depoimento ou esperar exaustivamente seu VHS de baixa qualidade chegar. Você pode acessar o YouTube, digitar “Koga” simplesmente e ser também uma testemunha ocular da história dessa lenda.
Hoje, esse ídolo se tornou eterno, seu nome, adjetivo e seu exemplo, ensinamento.
Do Brasil ao Japão, sei que muitos choraram sua partida, e o fim do sonho de um dia aprender com ele.
Muito, muito obrigado, Koga.