Um pelotão de mestres e astros do Jiu-Jitsu elencaram as melhores dicas para você render mais nos treinos da sua academia e se tornar um lutador mais completo e sagaz que enfrenta qualquer adversário por mais duro que ele seja. Confira as dicas abaixo, colhidas nos artigos em GRACIEMAG:
1. Varie o tempo de duração dos rolas
É muito comum o aluno se acostumar, por exemplo, a treinar cinco minutos, descansar um pouco e voltar a treinar por mais cinco minutos, e assim por diante. Isso cria uma temível zona de conforto, não só em termos físicos, mas na parte mental, sobretudo. É fundamental você ter capacidade emocional para raciocinar com clareza durante treinos mais longos, como os de dez ou mesmo 20 minutos. Assim como é preciso raciocinar rápido e ter uma ágil leitura das situações para vencer treinos curtos, de por exemplo três minutos. Ou até ter capacidade de explodir por um minuto, em treinos curtíssimos, partindo de situações específicas, de ataque ou de defesa. Não se aprisione ao conforto do tempo.
2. Saiba conter a ansiedade e preserve os dias de descanso
Se você não é um profissional, entenda que você não deve ir com a máxima sede ao pote. Treinar mais de duas vezes por dia a semana inteira pode minar a sua evolução. O primeiro dano é o físico, ao gerar uma contusão (que pode afastar você dos tatames por longo período) ou levar seu corpo ao estado de overtraining. Mas há os estragos psicológicos. É preciso saber administrar a “vontade de treinar” dentro de você. Se empolgar além da conta pode esvaziar essa vontade de repente, e você acaba forçado a parar de treinar, pois já se dedicou demais. O ideal é dosar, saber valorizar os momentos de descanso, para recarregar a energia, a musculatura e especialmente a motivação. Ao poupar corpo e mente, você será muito mais capaz de aguentar o tranco em longo prazo.
3. A cada treino, anote uma lição
Um dos grandes inimigos do progresso do praticante de Jiu-Jitsu é a repetição dos mesmos erros, várias vezes. Como a arte é complexa, é comum focarmos numa meta e esquecermos de corrigir bobeiras que o professor já cansou de nos chamar a atenção. Qual é o macete para não incorrer na falha e não exasperar seu mestre? Uma solução simples é adotar um diário para suas sessões de Jiu-Jitsu. Ao chegar em casa, basta anotar as principais lições que você escutou. Ao anotar, sua mente consegue fixar os ensinamentos. Com a vantagem de que você ainda pode reler no fim da semana e repassar os toques aprendidos e os golpes treinados.
4. Grave bem o que funciona para você
Treinou bem, os movimentos fluíram e o seu gás estava tinindo, melhor do que o normal? Anote o que você fez naquele dia. Como você se aqueceu? Que movimentos fez? Como você se alimentou nesse dia? Lembre-se, agora você já tem um caderno para guardar tudo. Procure repetir parte da rotina, teste-se como num laboratório, e comece a ver o que dá certo para você, o que é crucial para a sua atuação e o que é descartável.
5. Seja um adversário valoroso
Grande mestre Helio Gracie costumava dizer, com sabedoria: “Entre um adversário perigoso e um fujão, fico com o primeiro”. O professor não era de bravata. A frase ensina uma lição e tanto do Jiu-Jitsu, a de que nós só crescemos e tiramos grandes lições contra um adversário duro. Além disso, nenhum professor ou lutador graduado curte um membro da academia que só treina fazendo corpo-mole. Como diz o faixa-preta Luiz Dias, líder da equipe GAS Jiu-Jitsu: “Eu não sei nada pior do que treinar com alguém sem vontade, sem ímpeto. Isso sim é desanimador, você querer treinar e o seu oponente ficar de corpo-mole”. Dê o seu melhor, e ganhe o respeito de todos ao redor no dojô.
6. Oponente diferente, treino diferente
Você não precisa ter cinco, seis sparrings duríssimos para ficar duro no Jiu-Jitsu. Oponentes mais graduados deixam você mais resistente. Oponentes mais duros deixam você com a casca mais grossa. Mas todo e qualquer companheiro de treino é útil na sua evolução. O macete é ter objetivos diferentes a cada sparring. Se o oponente da vez é um faixa-branca pesado, teste sua guarda. Se o treino é contra um finalizador rápido, procure controlá-lo e não cair em arapucas. Como ensina o campeão Kron Gracie: “O fato de treinar com alunos e iniciantes me permitia um treino mais solto, sem pressão, em que eu podia repetir todas as técnicas ao extremo, até sabê-las de cor”.
7. Lute com atitude, perca com serenidade
O lutador de Jiu-Jitsu precisa encarar o oponente com respeito, sem raiva. O objetivo é buscar o ponto fraco do colega, bloquear a estratégia dele e impor a sua própria. Caso você não seja bem-sucedido, tudo bem. Não se irrite. Ao perder, tire a lição dessa derrota. Ao ganhar, anote mentalmente que aquele golpe pode ser uma força sua, e treine para aprimorá-lo cada vez mais, pois o oponente vai querer devolver a derrota no próximo treino.
8. Encare seus maiores inimigos de frente
O inimigo, no caso, não é uma pessoa, mas a falha ou a derrota. Se você está caindo sempre no mesmo golpe, batucando sempre para o mesmo companheiro, a ponto de ir para casa perturbado, aja como guerreiro: treine tanto contra esse mesmo cara que isso passe a não incomodar mais. Vitor Shaolin, faixa-preta radicado em Nova York, lembra que passou por isso na faixa-amarela: “Eu não conseguia perceber o que estava fazendo de errado, e perdi várias e várias vezes para o mesmo parceiro, com o mesmo golpe. Em vez de evitar aquele treino, eu simplesmente pedi para um lutador mais graduado observar o que eu estava errando, e a solução apareceu, simples e eficaz. E nunca mais sofri novamente com aquele golpe”.
9. O enigma da mente vazia
De Bruce Lee aos Gracie, todos os grandes filósofos da porrada ensinam que devemos lutar de mente aberta, reagindo aos ataques de acordo com o desenrolar da luta. Mas como conquistamos isso, quando somos apenas um simples gafanhoto? O objetivo deve ser, antes da sessão de treinos começar, pensar num objetivo. Uma posição que você precisa lapidar, por exemplo. Ou um novo golpe que o professor ensinou e você ainda não aplicou. A partir daí, sua mente pode pensar em planos para pôr este objetivo em prática. Um plano A, B e C é sempre recomendável, pois lembre-se que do outro lado há também alguém pensando na melhor tática. A partir daí, com o plano traçado, agora sim: bata nos punhos do amigo de academia e deixe o jogo fluir, deixando o corpo entrar na brincadeira e reagir junto com a mente. No fim, tudo é como o faixa-preta Marcio André resume: “A mente e os movimentos andam juntos, Jiu-Jitsu é isso”.
10. Varie os seus objetivos
Como ensina mestre Rilion Gracie, o Jiu-Jitsu é como a vida – não se trata de um tiro de cem metros, mas uma maratona longa. “Quando alcançar um objetivo, encontre um novo. Lembre-se, não há linha de chegada”, ensina Rilion.