Raphael Cadena e o poder da mente blindada para alcançar objetivos

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Raphael Cadena conquistou o ouro no Tampa Open. Foto: Divulgação/IBJJF

Ser resiliente e manter-se em movimento são requisitos primordiais para que seja possível alcançar feitos grandiosos dentro e fora dos tatames. Este é o mantra que guia o faixa-preta Raphael Cadena, nosso GMI na Flórida. Representante da escola RMNU HQ e formado pelo professor Leandro Azara, da A2 Jiu-Jitsu, em Teresópolis, Raphael provou o valor da determinação para alcançar a meta traçada. Ele, que chegou a pesar 81kg nos últimos anos, voltou a competir no peso-pena e boletou o ouro em seu retorno à divisão, em fevereiro.

Raphael optou por concretizar a volta a uma semana do Atlanta Open, quando iniciou o corte de peso. Ele precisou perder 4,5 kg para bater o limite da divisão. “Sabia que seria sofrido, assim como meu nutricionista me falou, mas eu estava disposto. Enfrentei diversos desafios ao longo da vida e este seria só mais um, e dependia apenas da minha força de vontade”, lembrou o faixa-preta, que também sagrou-se campeão do Tampa Open na categoria master 1. 

Raphael Cadena conversou com a equipe de GRACIEMAG e abordou os desafios que enfrentou no corte de peso, além do significado do próspero retorno ao peso-pena. 

GRACIEMAG: Quais foram os maiores desafios que você enfrentou nesse corte de peso? E o que te motivou a continuar?

RAPHAEL CADENA: O maior desafio, sem dúvidas, foi o tempo. Não batia este peso há três anos e estava fora de forma. Eu não treinava como antes porque estava focado em resolver as pendências com o consulado americano e trazer minha família para os Estados Unidos. Minha motivação para seguir o objetivo foi a minha própria mentalidade. Lembro que eu estava num churrasco com amigos e um deles me falou que eu não conseguiria chegar ao peso-pena, pois eu estava com 81kg. Numa outra ocasião, meu professor, o Robinho Moura, me disse que seria melhor eu ficar no peso leve, já que seria mais tranquilo de alcançar. Essas falas tocaram o meu coração e eu encarei tais desafios. Eu sempre competi entre os penas e a idade não poderia ser um fator tão relevante para me impedir. Quis provar que é possível bater as metas traçadas, caso a mente esteja programada.

O que o título no Atalanta Open representou para você?

Eu me inscrevi no peso leve e a IBJJF me mandou um e-mail para me recomendar a mudança de categoria, porque a chave estava vazia. Eu estava 4,5kg acima do limite do peso-pena e a competição seria disputada a uma semana. Conversei com a minha esposa e, contra a vontade dela, decidi fazer o corte de peso. Sabia que seria sofrido, assim como meu nutricionista me falou, mas eu estava disposto. Enfrentei diversos desafios ao longo da vida e este seria só mais um, e dependia apenas da minha força de vontade. Assim que venci o Atlanta Open, senti vontade de chorar por tudo o que passei para chegar preparado física e mentalmente. Essa competição foi um divisor de águas na minha vida, me dei conta que ainda posso render em alta performance na minha categoria de origem.

Quais são os fatores que impulsionaram seu ótimo desempenho nos campeonatos recentes?

Em primeiro lugar, coloco a minha família, que me concede todo o suporte necessário, após dois anos afastados em razão da pandemia e pendências com o visto americano. Minha esposa sempre me apoia e sabe que eu fico triste quando não me mantenho ativo nos campeonatos. Outro motivo foi me cercar de pessoas boas que me tiram da zona de conforto e me puxam para o próximo nível no Jiu-Jitsu. Um outro gatilho foi o conselho que escutei do professor Robinho Moura. Durante a aula, ele nos disse que era preciso ser profissional diariamente para conquistar algo importante, não apenas no tatame, mas na vida em si. Entendi o conceito daquela lição e tenho aplicado isso na minha rotina, acumulo pequenas conquistas ao longo do dia. Creio que isso seja apenas o começo, vou colher feitos produtivos a longo prazo.

Quais foram os maiores aprendizados nesse período nos Estados Unidos?

Acredito que seja se manter em constante movimento e ser resiliente. Quando digo estar em movimento, me refiro a aprender inglês, construir relações, entender a cultura local e escutar os outros, não é à toa que temos dois ouvidos e uma boca. Não estaria aqui se não tivesse escutado os mais velhos, disposto a aprender e selecionado as pessoas que quero conviver. Nasci no bairro do Rosário, em Teresópolis, eu morava numa favela, só que sempre tive a visão de que aquilo não seria a minha realidade. Por isso, entendi a necessidade de estar em movimento. Fui pai aos 20 anos e tive duas escolhas pela frente: estagnar e aceitar aquela vida ou usar a paternidade como combustível para decolar. E optei pela segunda opção. Também tive sorte de ter encontrado pessoas boas ao longo da vida.

Quais são os seus próximos objetivos?

Pretendo me manter no peso-pena e espero mudar a vida de pessoas por meio do Jiu-Jitsu. Não quero servir de exemplo, mas gostaria de ter a oportunidade de ajudar com conselhos, assim como eu fui ajudado no passado. É dessa forma que quero construir meu legado. Claro, desejo competir bastante e as medalhas são importantes, no entanto, dou mais valor à jornada. O Jiu-Jitsu é uma ferramenta que precisa ser explorada e espero propagar a arte para ajudar os outros. As pessoas podem esquecer os campeões de dois anos atrás, mas se lembrarão dos valores que ele defendia e do legado que ele construiu.

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