As lições de Fellipe Andrew, 160 finalizações, sobre consistência e treinos inteligentes

Share it

Fellipe Andrew, o número 1 do ranking mundial e em quantidade de finalizações. Foto: Marcelo Guelber/GRACIEMAG

Há dois modos curtos e diretos de mostrar como Fellipe Andrew é um dos lutadores mais brabos não apenas de sua geração, mas do século XXI.

A primeira prova irrefutável é que não há títulos relevantes no circuito que o líder do ranking mundial da IBJJF não tenha conquistado, salvo talvez o ADCC e o Sul-Americano da Federação.

A segunda prova é que, para o bicho-papão Nicholas Meregali empatar com ele em número de finalizações, precisaria submeter mais de cem oponentes – Fellipe hoje soma 160 finalizações, enquanto Meregali conta 60.

O GRACIEMAG.com foi conversar com a fera de Caruaru, hoje professor da Alliance San Diego, sobre seus treinos, consistência e, claro, sobre outra fera que também já passou das cem finalizações: Gabi Pessanha. (Leia artigo sobre a rainha do Jiu-Jitsu, aqui.)

Confira os melhores momentos da entrevista, a seguir.

GRACIEMAG: Aos 29 anos, você já tem um ouro mundial, 300 combates, 263 vitórias e 160 finalizações, segundo dados do portal BJJ Heroes. Bate com suas contas pessoais?

FELLIPE ANDREW: Na verdade eu jamais contei quantas lutas eu fiz (risos). Mas, se está lá, eu acredito. Eu procuro me manter sempre motivado, querendo lutar o ano todo, sem escolher campeonato. Minha ideia é estar sempre buscando evoluir em algum ponto, tático, técnico ou mental. Acho que esta é a chave da minha consistência como competidor de Jiu-Jitsu.

Como lida com o desgaste físico? Consegue se poupar fisicamente?

Eu acho que não me machuco nem mais nem menos que os demais atletas. Sempre tive lesões, algumas mais sérias que outras, mas aprendi a treinar com meu corpo do jeito que dá para não parar.

Dessas 160 lutas perfeitas, qual finalização marcou mais?

Todas são especiais, mas a que marcou mais foi aquela chave de braço do triângulo na final do absoluto do Europeu 2020, contra o Keenan Cornelius. Não que tenha um significado assim tão especial para mim, mas acho que foi a que mais teve repercussão.

Suas lutas são sempre divertidas, na vitória ou derrota. Você diria que luta e deixa lutarem? Como você definiria seu jogo?

Cara, eu entro lá pra lutar Jiu-Jitsu… Luto para ganhar, e não para não perder.

Você acumula muitas chaves de pé e triângulo. Tem alguma técnica predileta?

Eu gosto muito de encaixar triângulo. Talvez por ser um movimento que eu faço desde a faixa-branca, em 2011. Aliás, meu professor Adriano Estanislau também era muito bom nesse jogo. Chave de pé eu comecei a aprender depois de ter contato com o Rodrigo Cavaca, quando eu ainda morava em Caruaru, em Pernambuco.

Você e Gabi Pessanha chegaram a esta marca rara, de cem finalizações. Acha que vocês dois têm alguma coisa em comum quanto ao estilo de treinar e lutar?

Pô, fico até sem graça de ser comparado à Gabi! Mas até que temos pontos em comum: assim feito ela, eu comecei de baixo também. Sou do interior de Pernambuco, onde eu tinha bem pouco recurso quando comecei a treinar. Acho que isso me faz (nos faz) valorizar muita coisa hoje.

Como jovens atletas deveriam treinar para serem finalizadores natos, como vocês?

A receita é a usual: constância de treinos, entrar nos campeonatos sem vaidade e lutar sempre para a frente, o que resulta em lutas legais para a galera e que nos fazem evoluir. Eu diria que um treino inteligente seria escolher dois ou três pontos fortes do jogo do jovem atleta e aperfeiçoá-los nos mais variados tipos de situação de luta. Isso faz o lutador mais confiante, completo e perigoso.

Você se chama Fellipe Andrew Leandro Silva. Isto é, você é um dos dois Leandros mais respeitados do mundo do Jiu-Jitsu. Como o Lo faz falta para vocês?

O Leandro é meu ídolo, ele foi o primeiro campeão mundial que vi de perto lutando. Depois dali eu tive o prazer e a honra de treinar muito com ele. E até de lutar com ele, em meu primeiro Pan como faixa-preta. E sim… ele faz muita falta para todos nós.

* Alguns dos mais consistentes finalizadores do Jiu-Jitsu esportivo:

* Fellipe Andrew: 160 finalizações (263 vitórias)

* Gordon Ryan: 81 finalizações (em 99 vitórias)

* Xande Ribeiro: 80 finalizações (162 vitórias)

* Felipe Preguiça: 77 finalizações (155 vitórias)

* André Galvão: 73 finalizações (157 vitórias)

* Marcus Buchecha: 72 finalizações (138 vitórias)

* Mica Galvão: 70 finalizações (88 vitórias)

* Rodolfo Vieira: 63 finalizações (97 vitórias)

* Rubens Cobrinha: 63 finalizaçōes (118 vitórias)

* Roger Gracie: 62 finalizações (76 vitórias)

Ler matéria completa Read more