Judoca tricampeão mundial olímpico individual em Paris-2024, além do ouro por equipe em Tóquio-2020, o peso pesado francês Teddy Riner fez parte de sua preparação para os Jogos no Rio de Janeiro, em treinos nos tatames rubro-negros do clube do Flamengo.
Foi lá que ele começou a tomar gosto por algumas técnicas de Jiu-Jitsu, e quis saber mais sobre as posições, demonstradas por feras como o faixa-preta Jiuliano Leon, instrutor carioca especialista nas duas artes.
Teddy, no período do último carnaval, pediu então para visitar a Alliance Jiu-Jitsu no Leblon, onde rolou com feras como o então faixa-marrom Filipinho Black Cat e com outros craques de judô e Jiu-Jitsu que competem pela equipe do professor Rodrigo Thiago.
Leon, no primeiro momento, precisou se acostumar a uma lenda viva chamando-o de “sensei”. Vencida essa etapa, passou a apresentar o Jiu-Jitsu e suas regras ao ídolo francês.
“No dojo da Alliance Leblon, ele pediu para disputar uma luta simulada de Jiu-Jitsu, para entender suas regras e sua dinâmica de pontos. Ele pedia os pontos feito uma criança, e começou a gargalhar quando raspou e chegou ao 4 x 2 no nosso placar verbal. Ele comemorava cada pontuação como um gol, e víamos no rosto dele que era uma criança a se divertir com um jogo de videogame novinho em folha, descobrindo os novos comandos e possibilidades”, lembra Jiuliano, que não resistiu: “Fiz um convite para ele no futuro lutar um Mundial de Jiu-Jitsu, quando se aposentasse. Ele disse que ficou tentado, se divertiu com a ideia. E combinamos que logo após Paris-2024, ele voltaria para treinar Jiu-Jitsu com a gente no Rio. Quem sabe no Carnaval?”
E como seria a mente de Riner como um aluno “comum”?
Para Jiuliano, foi como o Messi pedir para um professor brasileiro ensinar um drible. Uma situação impensável, que demonstrou a humildade de Teddy como aluno.
“Primeiro pudemos sentir o carisma e a energia de um GOAT do esporte” disse o professor da Alliance e do projeto Mundo Makoto. “Ser chamado para conduzir alguns treinos dele foi bem desafiador – e ser chamado de sensei pelo maior da história foi algo sinceramente bem difícil. Mas mostra o gigante humilde que ele é. Um dos detalhes que pude pescar é que ao treinar ele mostrava um embaraço quando precisava fazer força, e se policiava o tempo todo para não usar em excesso, mesmo quando fluía como um peso leve. Ensinar Jiu-Jitsu para ele foi como guiar uma Ferrari por aí. Uma Ferrari com carroceria de Scania, claro, pois o monstro é grande demais.”
E a tal “mente de faixa-branca”, ingrediente de dez entre dez campeões? Teddy Riner a teria?
“Sim, ao rolar com a gente ele veio com a mente de um faixa-branca que chegou ontem nas artes marciais, querendo aprender tudo sem ego ou receio de batucar. Porém, seu corpo não permite tudo – é uma máquina de lutar que sofreu os danos de estar no topo por vinte anos ininterruptos.”
Jiuliano Leon contou ainda que técnica Teddy mais gostou:
“Ele nunca tinha visto um ataque da meia-guarda para finalizar, e ensinamos isso, e sua defesa. Ele gostou muito, se divertiu. Nosso papel como instrutores de Jiu-Jitsu foi o de traduzir as manobras e movimentações no solo para as valências técnicas dele, usando posicionamentos que ele domina para aplicar no Jiu-Jitsu. Algumas coisas não se encaixam de um para outro. Por exemplo, mostramos ao Teddy uma passagem de guarda cruzando o joelho. Expliquei para ele segurar com uma pegada de eri-seoi-nage, fazendo una alavanca de tai-otoshi e obrigar o adversário olhar para o outro lado, para assim passar a meia.”
E você, já aprendeu ou ensinou algo a uma lenda? Oss!