Após garantir ao mundo, por suas divertidas redes sociais, que seria o campeão do ADCC, no peso e no absoluto, o hiperconfiante Nicholas Meregali não conseguiu fazer valer suas previsões.
O campeão, marrento mas que, convenhamos, costuma acertar no que diz, foi superado em Las Vegas nas quartas de final do peso até 99kg, pelo astro do wrestling americano Michael Pixley, faixa-roxa de Jiu-Jitsu.
Faixa-preta e ortopedista especializado em atletas de Jiu-Jitsu e MMA, doutor Rickson Moraes analisou, a pedido do GRACIEMAG.com, como ele viu, ao vivo, a contusão de Nicholas.
“O Michael Pixley é um atleta que combina muito bem projeções do judô com técnicas de queda do wrestling e, naquela luta dura para o Nicholas Meregali, ele conseguiu derrubar o brasileiro algumas vezes”, repassou doutor Rickson.
“Nas primeiras quedas o brasileiro conseguiu cair se protegendo e, uma vez no chão, conseguiu se defender bem, tentando chamar para guarda. Restando cerca de três minutos, uma queda entrou novamente, um uchi-mata ou uma variação do golpe, mas dessa vez o Meregali caiu mal, em cima do braço, com o peso do corpo em cima do cotovelo e do punho. Dessa vez ele caiu com o ombro em uma posição de abdução, na qual é grande o risco de ocorrer uma luxação dessa articulação, que é quando o ombro do lutador se desloca e sai do lugar”, acrescentou.
“Ao contrário do começo da luta, desta vez ele caiu e ficou parado uns poucos segundos. A imobilidade do Meregali foi fatal e o Pixley capitalizou. Quando o ombro está fora do lugar, não há como o atleta continuar a se movimentar. Lembro de algumas lutas de MMA nas quais os lutadores luxaram o ombro e que foram interrompidas por isso, como uma em que o Junior Cigano estava vencendo um duelo sem luvas, deslocou o ombro e perdeu. E vimos isso acontecer tantas outras vezes no UFC. O único atleta que eu recordo de conseguir vencer após ter o ombro deslocado foi o Raoni Barcellos, mas foi uma questão que envolveu sorte: a lesão ocorreu bem no final do round. No intervalo entre os rounds o Davi Ramos, seu córner, discretamente recolocou o ombro no lugar e o Raoni voltou, venceu e ainda finalizou o oponente. Mas um fato como esse, do Raoni, é bem raro”, lembrou Rickson.
“Agora é aguardar os exames de imagem para saber qual será o tratamento e para confirmar se o caso é de cirurgia”, concluiu o ortopedista.