A peso-pluma Leticia Ribeiro (Gracie Humaitá) já tinha na manga do kimono cinco títulos mundiais na elite do Jiu-Jitsu antes de pisar no tatame de Long Beach, no último domingo. Com mais um ouro após o Mundial 2011, ela tornou-se uma das maiores campeãs de todos os tempos, entre homens e mulheres.
Para tornar o feito ainda mais impressionante, Leticia venceu os últimos três Mundiais. “Luto há bastante tempo, sou a única mulher a competir desde o primeiro Mundial, em 1996. Jiu-Jitsu é minha vida, meu café da manhã, almoço e jantar”, afirma a esposa de Fabricio Morango, 32 anos e em plena forma.
Leticia reconhece que ser campeã mundial não é a maior das pedreiras. Difícil mesmo é seguir vencendo todo ano. E a cada ano ela pensa em deixar as competições de lado, para dedicar-se ao lado treinadora. Mas não consegue.
Ano passado, Leticia visitou oito países para dar seminários para a mulherada. Em San Diego, onde ensina, suas alunas exigem esforço e dedicação para evoluírem, então o papel de técnica é cada vez mais forte na vida de Let. E ela ama esse ofício, que por vezes a faz sonegar sua própria preparação como atleta.
“Meu trabalho hoje é lutar, e eu amo isso. Mas mudei aqui para a América há três anos para desenvolver o Jiu-Jitsu da mulherada aqui, então eu preciso pensar em aposentadoria do Mundial. É duro ser treinadora, técnica e lutadora ao mesmo tempo”, reconhece a campeã peso-pluma, que pretende parar após uma vitória, claro.
Hoje em dia, muitas lutadoras vêm de longe se preparar com ela antes dos grandes campeonatos, graças à fama de seus camps. “Isso é gratificante. O problema é que as meninas insistem para que eu compita com elas, então eu vou”, brinca. “A verdade é que não estou pronta para pendurar o kimono ainda. Treino muito com a Bia Mesquita, e ela é minha verdadeira motivação para continuar treinando e lutando. Tenho de treinar sempre com ela, e ela me puxa dizendo que não posso parar!”
A recompensa de Let vem nessas horas: “Sou hoje campeã mundial e já formei campeãs mundiais. Agradeço muito a Deus por tudo, afinal isso não tem preço no Jiu-Jitsu”.