[ Por professor Caio Nucci ]
Cada vez mais, muitos pais deste nosso mundo contemporâneo acabam por deixar para os colégios e instituições de ensino o papel de educar e formar o caráter de seus filhos. Esse hábito de delegar – ou, como dizem alguns estudiosos, “de-largar” a educação dos pequenos – pode gerar um problema. De fato, o currículo escolar atual na minha visão ainda não se mostra totalmente preparado para educar as crianças em todos os aspectos, principalmente na parte emocional.
É aí que o Jiu-Jitsu, como de hábito, salva. O respeito que o nosso Jiu-Jitsu incute nas crianças faz com que os pequenos e pequenas aprendam a conviver com as diferenças, com as falhas, e assim começam sua vida sentindo mais empatia pelos demais. Quem treina Jiu-Jitsu desde cedo dificilmente há de sentir prazer em humilhar alguém mais fraco ou diferente, um sinal de personalidade cada vez mais essencial nesse mundo de hoje.
Outro benefício que o Jiu-Jitsu e as turmas infantis trazem, cada vez mais, é na questão da sociabilização, contato físico e integração das crianças. Na minha opinião, o incremento da tecnologia no mundo contemporâneo tem gerado, como efeito colateral, uma carência nos relacionamentos pessoais. O Jiu-Jitsu é um dos principais antídotos para esse problema, ao reforçar, em cada aula, em cada lição, um laço de cooperação e amizade gigante, difícil de desatar.
A cada dia de aula, eu sinto como o Jiu-Jitsu nos ensina e fortalece para vida – seja você uma criança ou um adulto faixa-preta. Todos os dias eu percebo como aprendo uma novidade com essa criançada. Um bom exemplo é uma aluna que tivemos no Brasil, Carolina Vieira, que sempre gosto de citar pois, com 9 anos, ela já me explicava que seria lutadora. Dedicada, fazia questão de treinar duas vezes por dia e ainda ficava espiando o treino dos adultos.
Dito e feito. Hoje, aos 15 anos, ela já se mudou para os Estados Unidos e foi campeã pela IBJJF em todas faixas infantis. Não duvido nem por um segundo que, daqui a uns anos, ela esteja com um título mundial faixa-preta ou o cinturão do UFC , que ela mesmo diz ser seu maior objetivo, e pelo qual ela está se preparando para conquistar.
Como se vê, a gente ensina mas também aprende muito sobre firmeza, disciplina, planejamento e foco nos objetivos, mesmo em pessoinhas de tão pouca idade.
E você, o que aprendeu hoje com os pequenos no seu dojo?