Forte para seus 19 anos, o carioca Vitor Belfort surgiu no cenário do vale-tudo como um cometa. De suas quatro primeiras lutas profissionais, em 1996 e 1997, apenas uma passou do primeiro minuto – contra Tra Telligman, no UFC 12.
Dono de uma base forte e muita segurança no chão, Belfort aliou o Jiu-Jitsu a murros fulminantes no rosto dos rivais pesadões. O resultado foi uma idolatria instantânea, o apelido de “Fenômeno” e uma coleção de fãs, que incluiriam de atores de Hollywood ao cestinha Shaquille O’Neal.
Bom de mídia e ciente do espaço que se abria para o esporte, Vitor então começou a dar entrevistas quase diárias, para todos os veículos de imprensa do país. As perguntas dos jornalistas não variavam muito, mas o aluno de Carlson Gracie sabia, como nos ringues e tatames, ser criativo e estar sempre de volta aos programas de entrevista, como o “Sem censura”, o programa do Jô e outras mesas de debate.
Numa das primeiras vezes em que pintou no horário nobre, Vitor foi o convidado da célebre Marília “Gabi” Gabriela. Diante das câmeras e dos holofotes, Gabi soltou uma bomba franca e direta. Vitor contudo estava acostumado:
– Vitor, você é uma máquina de lutar. Se você está em um dia péssimo, e um incauto surge e bate no seu carro no trânsito, o que pode acontecer? Você desce e bate na pessoa?
– Não, claro que não. Sou um lutador, um profissional. É a minha carreira. Se alguém bate no carro do Luciano Pavarotti, ele sai do veículo e começa a cantar ópera? Se batem no carro do Zico, ele sai fazendo embaixadinhas com a bola?
Se entrevistar fosse uma disputa esportiva, Gabi até que teria ido bem. Mas Belfort levaria, por pontos.