Grande mestre Carlos Gracie (1902–1994) começou a aprender sobre Jiu-Jitsu e sobre si mesmo nos anos 1920, em Belém do Pará, e a partir daí nunca mais parou de estudar. E de ensinar.
O faixa-vermelha, aluno do mestre japonês Conde Koma, distribuiu ao longo da vida lições sobre determinação, gás, alimentação e, especialmente, sobre fé na técnica das alavancas.
Ao longo de 20 anos de nossa editora, GRACIEMAG procura distribuir inúmeras dicas valiosas para fazer o seu treino de Jiu-Jitsu ainda melhor. Para celebrar a data, lançamos esta seção, com conselhos de quem fez história na arte.
Confira abaixo algumas lições que aprendemos com grande mestre Carlos, o notório personagem de capa de nossa edição #155.
Lute de boca fechada
“Procure se concentrar em respirar de boca fechada durante os treinos”, costumava incentivar mestre Carlos. A dica tinha dois objetivos principais: primeiro, melhorar a técnica de inspiração nasal e a oxigenação do corpo. O segundo objetivo era psicológico: quem respeita um oponente que fica com a boca escancarada e a língua para fora? Com sabedoria, Carlos Gracie incentivou um exército de praticantes que sabia encarar os piores oponentes com o semblante inabalável (e relaxado) de um samurai.
Não seja imediatista
Carlos Gracie foi o maior inimigo dos atalhos. Anabolizantes, modos fáceis de enriquecer, dietas para emagrecer em semanas etc, tudo era condenado com veemência pelo irmão mais velho de Helio, George & cia. O professor acreditava na consistência, nos treinos diários e no esforço. O caminho certo pode não ser o mais fácil, mas não deve ser desviado. “Nunca vi meu pai um dia sem praticar exercícios físicos”, testemunhava Rilion.
Técnica vence a força
“De nada vale a força física bruta contra a ciência dos samurais”, declarou certa vez mestre Carlos, em entrevista a um jornal carioca – nos tempos que os jornais curtiam os benefícios do nosso Jiu-Jitsu. A lição parece apenas uma boa frase, mas se você pensar nos seus treinos, é um conceito primordial na arte suave. Pois leva a pensar: você está fazendo força bruta em excesso para realizar aquela posição na academia? Está faltando ciência, ou seja, ajuste. Ao treinar, pense na ciência dos samurais e vá deixando a brutalidade (e a grosseria) de lado.
O Jiu-Jitsu como remédio da alma
Apesar de hoje a arte suave ser vista como esporte de orelhudos e brutamontes, por desinformação geral, Carlos sempre pregou que a arte suave era para todos – e principalmente para os jovens, para os fracotes, para os complexados. “Daí se origina a semelhança de um bom curso de Jiu-Jitsu com o consultório de um psicólogo: crianças nervosas, tímidas e cheias de complexos curam-se com o Jiu-Jitsu”, escreveu Carlos Gracie.