Campeã mundial de Jiu-Jitsu, mulher precursora nos tatames, campeã de bodyboard e ultramaratonista casca-grossa. Daniela Figueiredo Genovesi, nascida em 29 de fevereiro de 1968 no Rio de Janeiro, tornou-se sinônimo de garra ao vencer, a cada etapa de sua carreira, um novo – e gigantesco – desafio.
Dani começou sua trajetória ao vencer uma prova de corrida, a Volta de São Conrado, com apenas 14 anos. Notada por um olheiro, começou a carreira no atletismo, treinando no clássico estádio Célio de Barros, ao lado do Maracanã.
Seu talento atlético a levou a ser uma das grandes influências no campo da preparação física para lutadoras e lutadores – Fabio Gurgel, Alexandre Paiva & cia não esquecem, até hoje, as subidas pelas estradas cariocas e as corridas pelas Paineiras, onde invariavelmente Dani, peso-pluma com asinhas nos pés, chegava na frente de todos os campeões da Alliance.
Em 1988, cansada de castigar as pernas, abraçou a pranchinha de bodyboard, tornando-se tricampeã brasileira, e uma influência para diversas estrelas das ondas, como a campeã Glenda Kozlowski. Nos anos 1990, seu espírito competitivo migrou para os tatames: Dani passou a se dedicar ao Jiu-Jitsu, e conquistou a faixa-preta em idos de 1997. Em 2000, venceu o Mundial de Jiu-Jitsu da IBJJF, em divisão que ainda mesclava faixas-roxas, marrons e pretas.
“Treinei com muita dor nos peitos, pela amamentação, e com os filhos dormindo ao lado do tatame”, ensinou Dani, mãe de três filhos. “Tem que querer muito, é o primeiro mandamento. E sempre gostei de encarar cada dificuldade como estímulo”.
Em 2009, após uma década pedalando, a rainha da determinação venceu aos 40 anos a prova que é considerada a Copa do Mundo do ciclismo americano – o Race Across America, disputa que raros atletas conseguem sequer completar. Após 12 dias encarando morros, solos inóspitos e variação climática terrível – e dormindo apenas duas horas por noite – Dani atropelou na reta final e foi campeã. Só quatro homens chegaram na frente dela. Seu tempo: 11 dias, 17 horas e 41 minutos.
Venceu, ainda, diversas competições na Europa e, em 2019, voltou aos EUA para vencer novamente a corrida que a consagrara mundialmente. Costuma se alimentar muitas vezes enquanto pedala – de frutas secas, carboidrato e proteína em pó. Já pedalou, num dia apenas, 730km sem descanso.
Casada com o professor e campeão mundial Alexandre “Gigi” Paiva, ela hoje mora com a família em Boise, Idaho, onde trabalha como professora de educação física, treinadora e palestrante.
* Principais títulos:
Campeã mundial de Jiu-Jitsu (roxa/marrom/preta) peso-pluma (2000)
Medalha de prata no Mundial da IBJJF (1998 e 1999)
* Frases da professora:
“A hora em que qualquer competidor mais cresce é quando olha para o oponente e vê que ele está abalado. E isso vale para qualquer disputa, em qualquer esporte.”
“Ninguém acorda cedo de bom humor para treinar, mas quando você volta percebe como vale a pena – eu fico igual uma leoa após o treino duro, pronta para encarar qualquer tarefa.”
“Não há melhor ferramenta para educar os filhos do que um bom esporte. É nas competições e treinos que se aprende mais facilmente noções de respeito ao próximo, de ética, autoconhecimento, de saber seus limites.”
“Quero completar mais duas provas ultras, aposentar das bicicletas e voltar a competir no Jiu-Jitsu.”