Nascido em 1º de outubro, Helio Gracie (1913–2009) teve uma vasta e celebrada carreira nos ringues, de 1932 a 1955, que culminou no antológico vale-tudo de três horas e 43 minutos contra Valdemar Santana, um de seus ex-alunos, a 24 de maio de 1955, na ACM do Rio, na Lapa.
Para o grande mestre, a busca da paz de espírito e tranquilidade passava por cumprir as 36 aulas básicas de Jiu-Jitsu de seu curso, onde senhores, mulheres e crianças aprendiam a evitar socos, pauladas e outras agressões.
Em tudo que fazia, do ato de comprar frutas a ter de fazer uma viagem, Helio Gracie priorizava a técnica e a economia de esforço. Tudo para se beneficiar da máxima eficiência e, como ele dizia, não dar depois com os burros n’água.
Lutador durão, jamais o Gracie bateu num de seus filhos e sobrinhos, por mais peraltas que fossem. Educava sustentado em sua moral, e tinha métodos curiosos para motivar os pequenos: se um filho vencesse uma competição, ele dava um presente; se o garoto perdesse, ele dava dois.
Altamente versátil como lutador (Helio era ótimo com as cotoveladas), o professor tinha uma técnica favorita, como disse numa entrevista: “O sono. Porque contra o estrangulamento não tem valente – ou bate, ou dorme.”
Mesmo com tantas vitórias, tantas primeiras páginas dos jornais, tantos alunos ilustres, o Gracie gostava de pisar constantemente na sua vaidade. Por um tempo, deixou a faixa-vermelha e usou a azul, e falava aos risos sobre suas derrotas, os tempos de fracote e do seu lado mais humano.
“O meu Jiu-Jitsu surgiu sem esforço intelectual. Foi o corpo que falou.”
“A chave do segredo do Jiu-Jitsu é que mais de 90% das brigas e agressões terminam com dois caras rolando no chão.”
“Toda criança deve aprender a nadar, montar e lutar.”
“Comigo é sempre sim ou não. Procurem de hoje em diante não responder com ‘talvez’, ‘mais ou menos’ ou ‘vou ver’. Vão ver como é difícil.”
“Nunca dissemos que o Jiu-Jitsu é a única modalidade que presta. A natação, por exemplo, é um esporte maravilhoso.”
“Ninguém tem o que não merece, seja castigo ou presente. Caiu um tijolo na sua cabeça? Agradeça a Deus, pois você estava devendo alguma coisa que foi paga com a tijolada.”