O cearense Pedro Hemetério Araújo de Castro (1923–2009) foi um dos mais célebres faixas-vermelhas de Carlos e Helio Gracie, apelidado de “Homem Quiabo” após uma de suas vitórias marcantes.
Em duelo contra o judoca Akio Hyoshiara, Hemetério escorregava e evitava toda e qualquer tentativa de ataque do adversário japonês, o que lhe rendeu o apelido em jornais. Pedro venceu Akio via chave de braço.
O atleta invicto começou a treinar em 1939, quando mestre Carlos Gracie andou morando no Ceará, e foi convidado a ministrar um curso de Jiu-Jitsu no Clube Praia Leme. O pioneiro Gracie logo se impressionaria com aquele esguio adolescente de 62kg e 1,60m.
Treinou com Helio e Gastão Gracie, e se tornou professor da academia Gracie em 1951, por quatro anos. Hemetério pode ter sido o inventor do “fechamento das chaves”, como contou ao repórter Carlos Renato, do jornal “Última Hora”, em 11 de outubro de 1955: “Em 1950, fui convidado a participar do Campeonato Carioca. Terminei em primeiro lugar, empatado com nosso grande Carlson Gracie. Desisti da decisão e deixei o título nas mãos de Carlson. Estava bem entregue e eu satisfeito com o segundo lugar.”
Vivia entre o Rio e o Ceará, e em Fortaleza foi instrutor de Jiu-Jitsu na Polícia Militar cearense, na Marinha e Aeronáutica, além de dar aulas na sede do Ceará Esporte Clube. Seus alunos e amigos diziam que ninguém tirava a peixeira da mão de um agressor como Pedro Hemetério.
Em defesa da academia Gracie de Carlos e Helio, Hemetério precisou aceitar desafio inusitado: um combate de Jiu-Jitsu contra George Gracie, que estava às turras com os irmãos mais velhos.
A luta ocorreu em 13 de dezembro de 1952 e, conforme o cearense recordava, foi um embate parelho. Até os 26 minutos, quando Hemetério montou, encaixou o estrangulamento e George deu os três tapinhas.
Seu maior rival, ao menos no tamanho, foi outro, todos anotados no caderninho de capa preta que guardava: o valente Olguim, de 116kg de puro músculo. Após 15 minutos de uma surra, Olguim desistiu.
Após vencer e finalizar rivais japoneses, húngaros e muitos brasileiros, cabou convidado por Gastão Gracie para auxiliá-lo em sua nova academia em São Paulo. O convite foi aceito e Hemetério chegou à Terra da Garoa em 1956, onde residiu até falecer, aos 85 anos.