Um vídeo de treino de Jiu-Jitsu recentemente postado no Instagram @graciemagoficial pegou os fãs de surpresa. Amaury Bitetti, um dos principais campeões da história do time Carlson Gracie, figurava com a faixa-coral na cintura. O fato é que, em tempos de confinamento, acabou por passar despercebida a relevante graduação de um dos ícones do Jiu-Jitsu, primeiro campeão mundial absoluto em 1996, título que repetiria em 1997.
“A meu entender era para eu ter recebido no ano passado, no mesmo ano em que o Murilo (Bustamante), lutamos juntos inclusive no primeiro ano de faixa-preta. Tardou mas agora veio, com os diplomas. Recebi a coral do meu mestre Osvaldo Alves, mas por conta de tudo que estamos passando, não pude fazer ainda uma comemoração à altura. Assim que tudo passar, prometo uma cerimônia”, explica Bitetti, que deverá receber ainda uma homenagem durante o próximo Mundial da IBJJF.
Aproveitando o papo com o casca-grossa, perguntamos a Amaury quais os cinco alicerces que o levaram à faixa-coral, numa vida dedicada ao Jiu-Jitsu com mais de 31 anos de faixa-preta. Aprenda com a fera!
1. Família e fé
“São duas coisas que caminham juntas. Meu pai (Amauryzão) e minha mãe (Guiomar) foram meus principais motivadores, assim como a minha irmã (Paula). Antes do (Oswaldo) Paquetá filmar as lutas, eles já iam nas competições e me filmavam. Já faziam esse trabalho comigo naquela época, com câmeras gigantes e fitas VHS! Não eram equipamentos fáceis no início dos anos 1980. E sempre tivemos muita fé em Deus, que os resultados viriam, com saúde para treinar e para lutar bem.”
2. Mentores
“Tive o privilégio de ter dois mestres que acrescentaram muito na minha vida, Carlson Gracie e Osvaldo Alves, duas pessoas que dispensam comentários. É importante ter pessoas de fora da família para nos ajudar a escolher os caminhos que seguiremos, não apenas nos aperfeiçoar a nível técnico. O bom professor de Jiu-Jitsu vai além de ensinar uma técnica perfeita, ele pode fazer a diferença em diversos momentos da nossa vida, seja nas vitórias épicas como também nas derrotas e nas grandes dificuldades. Carlson e Osvaldo são os dois mestres que tive na vida.”
3. Bons companheiros
“Tive excelentes companheiros de treino. Não faltaram exemplos a seguir, amigos que puxaram meu ritmo e novos atletas em que eu servi de espelho. Por exemplo, via caras como o Fernando Pinduka, de uma geração anterior à minha. Ao meu lado grandes expoentes como Bustamante e Ricardo de la Riva. E na sequência caras mais jovens como Paulão Filho. Isso forma um ciclo que não para e que se completa.”
4. Grandes oponentes
“Tive adversários que me incentivavam a treinar cada vez mais, e isso também é importante. Tive batalhas duríssimas contra expoentes como o Fabio Gurgel, isso sem falar dos próprios treinos que eu tinha diariamente dentro da academia.”
5. Aprender a essência do Jiu-Jitsu
“Sempre dei ênfase aos ensinamentos básicos do Jiu-Jitsu e isso é fundamental. Como ser uma árvore forte se sua raiz é fraca? O fundamento dá ao lutador a estrutura para o refinamento técnico. Além disso, também aprendi muito o Jiu-Jitsu real, que é a defesa pessoal, hoje tão esquecida nas academias.”