Uma das professoras de Jiu-Jitsu mais experientes da atualidade, a faixa-preta Anna Carolina Luz faz um trabalho consistente ao lado do marido Alexandre Salgado na equipe Double Five, sediada no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Ela soma diversos títulos importantes no currículo, como o Mundial Master e o Campeonato Europeu, e se dedica à formação de inúmeros alunos a partir dos conhecimentos que adquiriu durante o período em que morou nos Emirados Árabes Unidos.
Além de ministrar aulas de Jiu-Jitsu, Anna Carol se especializou em Hatha Yoga, técnica voltada ao alinhamento corporal. Com o intuito de proporcionar ganhos nos aspectos físicos, mentais e emocionais aos alunos, a faixa-preta aderiu a prática da yoga durante o aquecimento das aulas de Jiu-Jitsu.
Em bate-papo com a equipe do GRACIEMAG.com, Anna Carolina Luz contou como o período que viveu nos Emirados Árabes foi determinante para a sua formação como professora de Jiu-Jitsu e listou os benefícios da yoga para o esporte.
GRACIEMAG: Como começou a sua história no Jiu-Jitsu?
ANNA CAROLINA LUZ: Comecei a treinar Jiu-Jitsu na Kioto BJJ aos 16 anos. Na época, quem dava aula lá era o mestre Álvaro Mansor e o instrutor era o Bruno “Tanque” Mendes. Fiz parte da equipe até 1999, quando fui graduada faixa-azul. Depois de um tempo parada, voltei a treinar graças ao amigo e mestre Leandro “Tatu” Escobar. O Tatu me incentivava a treinar e voltei aos poucos, até que eu conheci o Alexandre Salgado. Ele era faixa-roxa e eu ainda estava na faixa-azul. Logo depois, surgiu a equipe Soul Fighters e fiquei praticamente com a mesma equipe. Minha vida começou a girar em torno dos treinos e competições. Me desafiei em campeonatos e o Alexandre enxergou potencial em mim e sempre me incentivou dentro e fora dos tatames. Lutei em todas as faixas, mas na época, não tinham tantas meninas como há hoje, tanto nos campeonatos quanto nos treinos. Fui graduada faixa-preta em 2014 pelos meus mestres Leandro Tatu e Alexandre Salgado. Em 2013, embarquei para o projeto nos Emirados Árabes de faixa-marrom. Fiquei lá até 2017. Foi uma grande experiência e me ajudou a me profissionalizar como professora de Jiu-Jitsu e a entender mais sobre a vida. Foi diferente de tudo que já havia vivido. Voltamos para o Brasil e a ideia era abrir nosso espaço para dar aulas. Aos poucos, construímos e realizamos sonhos dentro do propósito. Passamos pela pandemia e hoje estamos aqui no nosso país com a oportunidade de empreender e poder viver do nosso esporte.
Poderia listar os benefícios da yoga para o Jiu-Jitsu?
Dou aula de yoga para as turmas de Jiu-Jitsu no período de aquecimento das aulas. Estudei para ser professora de Hatha Yoga e unir os dois estilos de vida, que se complementam bastante. Sempre fiz os dois e sei que ajuda bastante na flexibilidade e no equilíbrio físico, mental e emocional. Algumas técnicas de Pranayama ajudam bastante na respiração e no autocontrole. Um é perfeito para o outro.
Qual é o título mais especial que você conquistou ao longo desses anos no Jiu-Jitsu?
Conquistei títulos bem importantes como Brasileiro com e sem kimono e o Pan na faixa-marrom. Como master 1 na faixa-preta, venci campeonatos, como Europeu, Mundial Sem Kimono e o Mundial Master 2018. O mais especial foi o Mundial Master, pois queria muito esse título, já que tinha tentado em 2017 e não consegui. Era um sonho. Pensava e sonhava com esse campeonato todos os dias. Treinei bastante com o Alexandre, me senti preparada e fui consagrada campeã mundial. Fiquei muito feliz e mais confiante. Com certeza, vou tentar mais vezes.
Quando você percebeu que conseguiria viver em prol do Jiu-Jitsu?
Foi quando comecei a vivenciar um propósito ao lado Alexandre, meu marido e professor. A ida para os Emirados Árabes só fortaleceu a vontade de ensinar meu esporte e trabalhar essa habilidade especial. Maior ainda foi a vontade de ensinar aqui no nosso país para as nossas crianças. Disciplina positiva e construtiva.
Poderia compartilhar alguma experiência marcante como atleta?
Me marcou muito ser campeã mundial master, em 2018, pois sempre foi um grande sonho conquistar esse título e ter a experiência de lutar mais uma vez fora do Brasil. Treinei um tempo no exterior com o Alexandre e tive a oportunidade de conhecer pessoas outras academias. Isso foi muito importante para mim, pois estava recém-chegada dos Emirados Árabes e queria voltar a lutar e treinar em outro lugar. Passamos por Chipre, Israel, Texas e Las Vegas. Fizemos novos amigos e revemos os antigos. Na última semana de treino antes do campeonato, fui forçada a parar de treinar porque estava bem machucada. Continuei a trabalhar meu mental e emocional. Me senti muito confiante no dia das lutas. Já tinha perdido para as minhas duas adversárias e sabia que seria difícil. Mesmo machucada e sem pegar no kimono por uma semana, dei tudo ali e vi que se eu acreditar realmente naquilo que eu quero, provavelmente irá acontecer.
Quais são os seus próximos objetivos como professora e atleta?
Como professora, dou aula para os iniciantes (faixa branca e coloridas) e crianças (infantil). Pretendo estudar e me aprimorar para ser cada vez melhor para meus alunos. Como atleta, voltei a treinar neste mês, pois fui parada por uma questão de saúde e não consegui manter o ritmo desde 2019 em razão de algumas cirurgias de pele que precisei fazer. Mas já estou curada, me sinto mais forte emocionalmente e mentalmente. Voltei aos poucos para já começar a me preparar fisicamente e competir no ano que vem. Espero voltar logo e ficar saudável para fazer o que mais amo na vida.