No último fim de semana, a estrutura da CBJJ aportou em São Paulo para realizar mais uma edição do São Paulo Open de Jiu-Jitsu. O ginásio José Corrêa, em Barueri, foi o palco do campeonato. O melhor faixa-preta do campeonato foi Cássio Francis (Gracie Barra), o Cassão, que faturou o peso pesado e absoluto.
Antes de realizar o feito, ele superou duas hérnias de disco e um pedido médico para que ele se aposentasse. Mas ele não desistiu, como comenta a seguir:
GRACIEMAG: O que você aprendeu ao faturar dois ouros no São Paulo Open de Jiu-Jitsu?
CÁSSIO FRANCIS: Vi que tenho muito a melhorar ainda. Os caras com quem lutei são duríssimos e estão em ótima forma, e qualquer erro meu poderia ser fatal. Mas joguei concentrado e venci. Sair de um campeonato da CBJJ com duas medalhas de ouro sempre foi meu sonho. Treinei bastante o jogo de guarda, isso fez diferença. Meus amigos Claudio Caloquinha, Felipe Preguiça e Gabriel Arges me ajudaram bastante.
Você enfrentou o Diogo Almeida (Ryan Gracie) na final do aberto e venceu. Como você lidou com a guarda dele?
Tentei não me expor. Eu sabia que qualquer vacilo dentro da guarda dele seria fatal – eu poderia voar ou até mesmo ser finalizado. Então fiquei sempre com os cotovelos bem fechados e com a base sólida, os joelhos colados no chão. O Diogo tem uma guarda perigosa, pois além de ser muito bom de Jiu-Jitsu é muito comprido. Para você ter noção, ele conseguiu laçar meu braço e ainda entrar na De La Riva com a outra perna do outro lado [risos]! No fim deu tudo certo, venci com uma raspagem. Coloquei na meia-guarda e raspei.
E como foi a vitória no pesado, contra Leandro Brassoloto (Atos)?
O Leandro é um cara duríssimo. Caloquinha e eu traçamos uma estratégia para sair na frente e surpreendê-lo. Foi o que fiz: no início da luta fingi que ia puxar e fui no pé para derrubar. Depois consegui matar o quadril dele, e fiz minhas passagens de guarda. Dominei bem o joelho e baixei o meu quadril para passar bem justo. No fim, venci por 13 a 0.
Qual foi a principal lição que você aprendeu?
Você é do tamanho dos seus sonhos. Fiquei o ano passado todo sem treinar, devido a duas hérnias de disco na coluna. Já tinha sido aposentado do Jiu-Jitsu por dois médicos, mas achei um profissional que me fez acreditar que o meu retorno era possível. Me reabilitei, fiquei mais forte e flexível. Além disso, o diferencial foi ser completo. Lutei por cima e por baixo, ainda troquei um pouco de alto. Isso deixou meus adversários com um pé atrás.
Cassão, qual é a sua receita para ser um campeão absoluto na faixa-preta?
Não tem para onde fugir, treine até a exaustão. Quando você achar que está treinando demais, lembre-se que alguém vai treinar mais que você. Aprendi isso com meu ídolo Romulo Barral. Procure sempre estudar as posições, os ataques e as defesas. Seja imprevisível.