Qual é o segredo para transformar um atleta mediano num grande campeão?
MARCELLO DAFLON: É preciso fazer com que ele acredite nele mesmo. E mostrar que a disciplina é o grande segredo do sucesso. Que por mais que o resultado demore, ele irá chegar. Deixar claro que cada atleta tem o seu tempo e com disciplina e dedicação ele irá conseguir ser um grande campeão.
E quando pensamos além da academia e dos campeonatos? Como um professor de Jiu-Jitsu fomenta os alunos a se tornarem cidadãos melhores, beneficiando assim toda a comunidade?
Todo professor deve ter o propósito de mudar a vida das pessoas para melhor. O professor de artes marciais tem um papel muito importante na comunidade onde atua pois as pessoas que passam por seu dojô se tornam pessoas melhores, mais equilibradas, mais saudáveis, aprendem a se defender, melhoram no que diz respeito ao autocontrole, à confiança, melhoram na disciplina e em outros quesitos que impactam positivamente na sociedade.
Embora tenha competido bastante, você sempre focou na carreira de professor e não de atleta, correto?
A competição me tornou um professor melhor, sou grato às arenas, mas nunca almejei uma carreira de atleta competidor. Por exemplo: nunca fiz uma preparação especial para as competições. Eu estudava e tinha meu trabalho normal e encaixava os treinos no dia a dia. Tentava competir ao máximo. O que ia aparecendo eu me inscrevia. Sem ter uma agenda de campeonatos. E assim fui conquistando medalhas… Fui campeão na faixa-branca e na azul da Copa do Mundo da CBJJO. Campeão estadual pela FJJRio, na faixa-azul. Na roxa, fui medalha de prata no Rio Open IBJJF. Na marrom fui campeão da Copa Carlson Gracie, entre outros títulos. Na preta, fui campeão peso e absoluto do Northen Califórnia Open, da SJJIF. Campeão do Naga, na Califórnia, entre outros títulos.
Você está sempre treinando com ótima performance contra a garotada da sua equipe. Quais são os macetes para os atletas da divisão Master fazerem bonito contra os atletas adultos?
Eu estou sempre treinando com o meus estudantes e tendo uma boa performance porque tive uma base muito sólida. Comecei no judô com uns 10 anos na minha cidade natal Nova Friburgo com o Mestre Marcos Mafra e treinei por uns 8 anos. Depois me mudei para o Rio de Janeiro e comecei no Jiu Jitsu em uma escola super casca grossa que é a lendária Carlson Gracie em Copacabana. Ali comecei a treinar com meu Mestre Ari Galo, que é faixa preta do Mestre Carlson Gracie. Tive treinos muito duros lá em um ambiente com muita história e inspiração. O macete para a categoria Master fazer bonito contra os adultos acho que é fazer um jogo mais justo. Sem muita transição. Jogar no básico com pressão e sem abrir muito o jogo.
Qual é a frase motivacional que você gosta de repetir para você mesmo quando está passando por uma situação difícil na carreira?
A frase motivacional que gosto quando estou em uma situação difícil é: “A disciplina vence a motivação”. Porque não é todo dia que estamos motivados, então não podemos esperar a motivação para fazer o que nos propusemos.
Como você se define como professor de Jiu-Jitsu? Qual é a filosofia por trás da sua escola? E quais as dicas que você costuma dar a quem tem o sonho de se tornar um professor relevante?
Eu me defino como um professor que tenta tirar o melhor de cada aluno. Sempre tentando entender a individualidade de cada um. Essa também é a nossa filosofia na nossa escola em Arcata, na Califórnia (Humboldt Jiu-Jitsu, Carlson Gracie), onde um ajuda o outro a se tornar melhor dentro e fora do tatame. Não nos comparamos uns aos outros. Que cada aluno possa ser uma pessoa melhor do que foi ontem. Todos são muito bem-vindos independente da experiência ou se é bom ou ruim tecnicamente. A nossa base é o respeito e o nosso objetivo é fazer pessoas melhores.
Quando alguém hesita em treinar Jiu-Jitsu, o que você costuma dizer para convencer essa pessoa a vestir o kimono e começar a jornada na arte suave?
Costumo dizer que esse esporte é o melhor jeito para ter um corpo maneiro e ser saudável. E ainda por cima você aprende a se defender. E funciona como terapia também. É um esporte que quando você está praticando você esquece de todos seus problemas porque o seu foco está 100% ali. E quando sair dali estará muito mais forte fisicamente e mentalmente para enfrentar os desafios da vida. E como é um treino tão intenso, quando acaba você estará num estado de prazer e paz. Acho que todos deveriam praticar esse esporte. O Jiu-Jitsu é adaptável a qualquer ser humano.