Pode o ato de amarrar a faixa ter alguma influência na conquista de um título mundial?
Como conta Bernardo Augusto Rocha Faria, até pode. Mesmo numa vitória heroica contra o bicampeão absoluto Xande Ribeiro, na final dos pesos pesados.
O jovem campeão é quem contou:
“Acho que o momento crucial foi quando a luta parou. Eu fui amarrar a faixa, puxei o oxigênio e me senti como se a luta fosse começar naquela hora. Eu estava totalmente refeito. Palmas para meu preparador, e primeiro professor, Ricardo Marques”, diz Bernardo, que foi para a casa dos pais em Juiz de Fora descansar por três semanas. “Estou há dois anos sem descansar. Cancelei todos os seminários que marquei nos EUA, estou precisando descansar o corpo”.
O atleta de Fabio Gurgel viveu momentos de euforia, como a luta contra Xande:
“Olha, está cada vez mais difícil raspar esse pessoal da Gracie Humaitá, vou te contar… Contra o Lovato foi duro demais, depois o Xande na final. Ele realmente já ganhou muita coisa, é um cara que eu admiro muito, mas entrei para a luta lembrando que todo mundo é humano, entrei para lutar como se fosse um oponente normal”, explica, após destronar o tetracampeão.
Sobre a raspagem, ele detalha:
“A raspagem só veio depois dos sete minutos, mas eu confiei que a oportunidade viria, e quando veio eu abracei. O segredo é não desesperar, que é quando você abandona a tática e pior, cansa e perde”.
Bernardo protagonizou um dos momentos mais pungentes do Mundial, ao chorar copiosamente ao bater para o triângulo de Rominho Barral.
“É que eu sou fã dele demais, mas queria ganhar, né? Já tinha vencido o Ceconi, que me ganhou no Brasileiro, e já tinha raspado o Barral… Mas ele me deu um tiro certo e foi feliz”, admite ele.