Campeão na categoria até 75kg do Brazil Pro de Jiu-Jitsu em Gramado, dia 21 de fevereiro, Gabriel Rollo surpreendeu os oponentes com um jogo indefinido, com inversões, botes perigosos e giros para as costas.
O peso leve da Checkmat vai a Abu Dhabi com tudo pago, após raspar Caio Almeida (Ryan Gracie) duas vezes na final.
Em papo com GRACIEMAG, o popular Palito relembrou os tempos em que dividia os treinos com o trabalho, apontou o que dificulta a evolução do praticante no Jiu-Jitsu, e analisou a raspagem que valeu o título no Brazil Pro. Confira:
GRACIEMAG: Dizem que você não competia muito antes da faixa-preta, que era duro na academia mas não se testava nos campeonatos. Era assim?
GABRIEL ROLLO: Sempre gostei de competir nas minhas outras faixas mas trabalhava fora do Jiu-Jitsu, então ficava difícil de focar nos campeonatos. Sempre que dava eu treinava nos fins de semana e feriados. Quando decidi viver do Jiu-Jitsu, comecei a treinar melhor e a lutar melhor. Às vezes os campeonatos são bons e ruins, ao mesmo tempo. É bom para a sua evolução mental e técnica, e ruim, pelos menos para mim, pois me frustrava por não ter tempo suficiente para treinar. Sinto que poderia ter evitado algumas derrotas com mais tempo de treino. Isso tudo foi nos meus tempos de faixa-roxa e faixa-marrom.
Como competir acelera o progresso do praticante de Jiu-Jitsu?
O fato de competir bastante ajuda você a ficar mais tranquilo. Meus amigos sempre falaram que meu rosto era muito tranquilo, porém por dentro eu tremia [risos]. Acho que no fundo o medo de perder faz você treinar muito mais.
Nossa reportagem de capa deste mês foi feita especialmente para os praticantes que querem sobreviver até a faixa-preta. Quais os piores inimigos que sabotam a vida do praticante no Jiu-Jitsu?
São muitos inimigos, mas isso faz parte de qualquer objetivo que você desejar. Não se preocupe com a graduação de faixa. Muita gente fica com expectativas em relação a graduações, e quando ela não vem isso vira uma decepção tão grande que pode acabar na desistência. A graduação virá quando você estiver pronto. Outro ponto que faz muito jovem parar no caminho até a faixa-preta são as baladas. É uma tentação muito grande, que acaba com a saúde e a vontade de treinar.
Muita gente comentou sobre sua raspagem em Gramado no nosso instagram. Ela é famosa na Checkmat?
Em Gramado fiz cinco lutas difíceis, mas sei que tenho muito a melhorar e acertar para ganhar dessa galera do peso leve. Eu e meu sócio Thiago Abreu estamos treinando muito para isso. Sobre a raspagem, quem sempre fez comigo foi o Nivaldo e o (Marcus) Buchecha, mas eles têm três metros de pernas! Não sei se tem nome, mas sempre vi o Roger Gracie fazer e dava certo. Ela é simples, mas tem de ter a perna um pouco grande. Quando o passador colocar o joelho no meio para evitar sua guarda fechada, você deve fechar a guarda mesmo com o joelho dele no meio e dar um desequilíbrio lateral, segurando o braço. Feito isso, a raspagem acontece.