O faixa-preta Gabriel Lucas, de 24 anos, foi o campeão absoluto do último Brazil National Pro, realizado em Gramado, no Rio Grande do Sul, nos últimos dias 21 e 22 de fevereiro. Mas essa não foi a conquista mais suada da carreira do popular Fedor, atleta da Checkmat.
O lutador capixaba decidiu um dia que precisava mudar sua cabeça e seu corpo se quisesse ser um campeão de Jiu-Jitsu, e conseguiu. Hoje, menos 30 quilos na balança, ele detalha como conseguiu, e onde quer chegar como faixa-preta.
GRACIEMAG: Quando você decidiu encarar essa dieta?
GABRIEL “FEDOR” LUCAS: Decidi que era hora de perder peso quando resolvi me tornar um profissional do Jiu-Jitsu, na faixa-roxa. Vi que, para conseguir isso, deveria fazer uma dieta. Eu pesava cerca de 140kg, e aquele peso extra me atrapalhava nos treinos e nos campeonatos. Sem falar, é claro, da saúde, pois o sobrepeso traz graves problemas com o tempo. Perdi uns 35kg e minha meta é baixar um pouco mais, quero tentar ficar com 98kg e lutar de superpesado, pois não sou muito alto para a categoria pesadíssimo. Acho que é o ideal para mim. Ainda faltam uns quilos, mas de pouco em pouco vou alcançando meu objetivo.
Qual foi a parte mais complicada da dieta?
A etapa mais difícil foi no começo, pois eu nunca havia feito nenhuma dieta. Comia o que eu quisesse, na maioria das vezes “porcarias”. Então essa mudança drástica foi a parte mais difícil. Depois, com o passar do tempo, fui me acostumando, e quando você vê os resultados do seu esforço valendo a pena, aquilo motiva e serve de inspiração para não desistir e continuar. O principal é entender que uma dieta saudável não significa passar fome, e sim comer de forma correta. Eu apenas reeduquei a minha forma de me alimentar e hoje a dieta faz parte do meu dia dia. Me alimento muito melhor e não sofro por isso, só vejo benefícios.
Foi importante o acompanhamento de uma nutricionista?
Sempre é. A gente sempre sabe muito bem o que é saudável e o que apenas nos engorda, mas a nutricionista sabe muito mais. O acompanhamento ajuda nos resultados, você vai mudando conforme for. A principal mudança no meu cardápio foi comer menos por refeição, mas comer mais vezes ao dia. Faço cerca de sete refeições por dia, intervaladas com a rotina de treinos. Tento seguir à risca, fazer tudo certinho. Dificilmente como alguma coisa entre uma refeição e outra, mas quando não consigo resistir é sempre uma fruta, um iogurte ou barra de cereal, um alimento bem leve.
Depois de vencer o absoluto em Gramado, você fugiu da dieta? Dá para dar uma escapadinha?
Sim, sempre após um campeonato eu dou uma escapada da dieta, mas não muito. É no máximo um dia de folga e depois retorno. É como uma recompensa por todo o esforço feito para o campeonato, a rotina de treinos, dieta etc. Acho que essa quebrada na dieta te dá motivação para poder voltar com empenho novamente.
Quando você começou a perder um bom peso, como se sentiu nos treinos?
Os benefícios foram muitos, e excelentes. Eu conseguia me movimentar mais nos treinos, tinha mais agilidade e conseguia fazer posições que antes não dava para fazer devido ao excesso de peso. Hoje consigo até fazer berimbolo (risos). Melhorou meu sistema cardiovascular, eu passei a não cansar tão rápido quanto antigamente. Uma outra medida que me ajudou muito também foi o treinamento funcional com meu preparador físico Bruno Góes, pois ganhei massa magra, adquiri mais força e explosão e melhorei muito meu Jiu-Jitsu.
Que lições você aprendeu durante o Brazil Pro em Gramado?
Aprendi que devemos viver um dia após o outro, sem desanimar e devemos usar a derrota de hoje como combustível em busca da vitória de amanhã. No sábado perdi a semifinal do peso pesado, para o Alexandre Souza, e me senti prejudicado pela arbitragem. No domingo, dia do absoluto, eu sabia que tinha condições de ganhar, pois fiz uma boa preparação, estava me sentindo muito bem e a minha vontade de ganhar aumentou com a derrota. Ali eu falei para mim mesmo que aquele absoluto era meu, e graças a Deus consegui ser campeão. Infelizmente o absoluto não valia o pacote para Abu Dhabi, uma coisa que acho um pouco contraditória, mas rendeu mil dólares.
Vai lutar o Pan da IBJJF, em março?
Quero manter o ritmo de treinos, vou lutar o Pan, o Brasileiro e o Mundial. Este ano ainda tem o ADCC, que sempre sonhei em lutar. Vai haver seletivas, mas tenho a esperança de receber um convite da organização já que estou em primeiro lugar no ranking sem kimono faixa-preta acima de 99kg da IBJJF.