Tricampeão de Jiu-Jitsu em 2005, 2006 e 2008, Celso Venícius Alves dava uma volta com a família num shopping em São Paulo, em 2023, quando resolveu pegar o celular e dar uma olhada nas lutas do BJJ Stars 11. Quando começou a escutar, ouviu o faixa-preta Piter Frank, que acabara de finalizar Caio Almeida e vencer o prêmio de finalização da noite com um armlock voador, pedir seu próximo adversário: Celsinho Venícius.
O desafio pegou Celso de surpresa, mas na mesma hora ele sabia que ia ter de voltar aos preparativos para uma luta. Não uma luta qualquer. “Muito provavelmente será minha última luta na carreira. Já são mais de 25 anos competindo. Eu sinto que já está na hora de descansar o corpo”, comenta o aluno de Roberto Gordo, em papo com o GRACIEMAG.com.
A luta casada entre Celsinho x Piter será uma das atrações do BJJ Stars 12, no fim de abril. Carioca radicado em São Paulo, o professor de 40 anos comentou o que espera do confere, e o que acha do oponente.
GRACIEMAG: O que fez você topar a luta com Piter Frank?
CELSINHO VENÍCIUS: Meu oponente fez o desafio e a proposta do BJJ Star foi boa. E no fundo não é apenas mais uma luta de kimono para mim. Muito provavelmente será a última. Já são mais de 25 anos competindo. Eu sinto que já está na hora de descansar o corpo. Eu nunca parei de treinar e nunca abandonei o kimono, sigo dando várias aulas por dia. Mas estou sem competir de kimono desde 2019. Depois dali ainda fiz lutas sem pano mas foram poucas. Minha preparação será apenas aumentar o ritmo com os alunos, melhorar a questão física. A técnica e a experiência continuam aqui, a gente nunca esquece. Falta é aumentar a intensidade para chegar bem na hora da verdade.
Quais são os aspectos mais fortes do seu oponente?
Vi que ele é um cara bom de bote, tem ataques de perna e de pé perigosos. Ele é um atleta rápido que gosta de surpreender e tentar manobras explosivas e imprevísveis, como o armlock voador que aplicou no BJJ Stars e em outros torneios. Mas normalmente esse jogo é bom para mim, eu gosto quando os rivais caem para dentro. Prefiro assim do que enfrentar quem fica na retranca. Vai ser um confronto de estilos e creio que vamos deixar a torcida animada.
Você está completando 20 anos como faixa-preta, desde aquela graduação no Tijuca, no pódio do Mundial da IBJJF em 2004. Como está a carcaça após tanta estrada?
São muitos anos nessa brincadeira, né? Conheço meu corpo muito bem, isso é a grande vantagem. Já perdi e ganhei peso 200 vezes, entendo tudo sobre a nutrição mais adequada para mim. O autoconhecimento é decisivo nessas horas, até mesmo para conseguir lidar com contusões, recuperação e preparação. Não tem mais mistério, é só aprendizado. Sempre gostei do confere, dos treinos fortes, parte física forte, e não mudei agora. Sempre deu certo a vida inteira, era o que a gente fazia na escola do Gordo e vou manter. Hoje vejo que a galera curte treinar mais drill. A gente faz vários rolas. Eu vou cair dentro como na época em que fui tri mundial.
Como o seu jogo mudou com a idade?
A gente se adapta sempre. A velocidade cai, mas a técnica só se apura. A gente fica bem mais preciso e justo. Eu tenho certeza de que sou bem superior tecnicamente do que quando tinha meus 20 anos.