Foi de última hora que Danny “Last Call” Castillo recebeu a chamada para integrar o card da Copa Pódio, torneio de Jiu-Jitsu realizado no sábado, 10 de maio. Mas o peso leve do UFC, substituto de Igor Gracie no evento, não decepcionou.
Danny, que havia feito a luta da noite no UFC on Fox de dezembro, contra Edson Barboza, veio ao Rio com o mesmo espírito agressivo de suas lutas do Octagon, e finalizou seu oponente em pouco mais de sete minutos de luta.
Na superluta sem kimono com o faixa-preta jordaniano Haider Rasheed, Castillo fez o jogo certinho. O californiano de 34 anos viu Rasheed puxar para a guarda, frustrou duas boas tentativas de raspagem da meia-guarda e, quando teve espaço, atacou: ao tentar passar a guarda, acabou nas costas do jordaniano. Dali, foi para o katagatame fatal.
Mais novo viciado em açaí do planeta, Castillo (17v, 6d) ficou no Rio até ontem, e aproveitou para conhecer a cidade. Cruzou com Rickson Gracie na praia, e postou na hora a foto em suas redes sociais. Nas horas vagas, tratou de gastar sua faixa-marrom de Jiu-Jitsu.
“Nessa quarta-feira treinamos duas horas de kimono. Ele está cada vez mais apaixonado pelo Jiu-Jitsu. E tem uma base muito boa, está cada vez mais difícil de raspá-lo”, comentou o faixa-preta Bruno Melo, guia do americano na cidade e integrante da equipe de treinadores de Fabio “Pateta” Prado no time Alpha Male, em Sacramento. GRACIEMAG bateu um papo com a fera sobre o Rio, seus planos para o UFC e, claro, sobre Jiu-Jitsu.
GRACIEMAG: Teria sido esta sua primeira luta de Jiu-Jitsu, Danny?
DANNY CASTILLO: Pior que sim! Eu já havia me testado antes em pequenos torneios sem kimono na Califórnia, mas foi definitivamente minha primeira grande luta, num evento prestigiado, com torcida e tudo. Foi muito divertido entrar num palco sob holofotes para lutar Jiu-Jitsu, não sabia que existia um torneio como a Copa Pódio. Vou voltar sempre que for chamado.
Como surgiu o convite da Copa Pódio?
O Fabio [Pateta] é meu treinador de Jiu-Jitsu há cinco anos, e ele sempre me chamava para vir conhecer o Brasil, visitar o Rio de Janeiro e passar uma temporada treinando na cidade. A gente sempre conversava sobre isso mas nunca rolou. Acabou que o convite veio na hora perfeita, pois terminei minha luta de 26 de abril, no UFC 172, contra Charlie Brenneman, sem nenhuma contusão – foi um nocaute no segundo assalto. A verdade é que a cada dia eu caio mais de amores pelo Jiu-Jitsu. Vejo que quanto mais eu treino com o kimono, mais aprendo. E quanto mais aprendo, melhor me sinto com meu jogo de chão no UFC.
Você sabia algo do Rasheed?
Isso foi curioso, pois entrei lá sem saber nada sobre ele. Eu não o conhecia, e nem sobre o evento de MMA Desert Force eu havia ouvido falar. Então entrei totalmente no escuro, sem saber o que ele ia tentar fazer contra mim. Comecei a jogar um jogo seguro por cima, mas com o tempo fui me soltando, e cheguei nas costas, e dali na posição para finalizar. Foi uma satisfação tremenda, ver que sua técnica funciona contra um faixa-preta como ele.
https://www.youtube.com/watch?v=hD3kOTG-wa8
E sobre esse katagatame? É um golpe que você pretende usar mais no Octagon agora?
Meu objetivo é acabar a luta, e da maneira que eu puder ganhar vou lá tentar executar – não ligo se é por nocaute ou no Jiu-Jitsu. Sinto porém que o katagatame é um golpe perfeito para mim, pelas minhas origens na luta olímpica. Na verdade, é uma finalização perfeita para qualquer wrestler adepto do MMA. O mais legal foi que, na véspera, o Fabio me levou para treinar com Paulo Filho, que me ensinou uma série de detalhes para arrochar melhor o golpe. Eu, que sempre assistia às lutas do Paulão quando estava começando, estava ali treinando na sala da casa dele! Isso foi muito irado. Ele sabe muito de Jiu-Jitsu, e consegue passar isso muito bem. Tanto que usei muito do que ele me mostrou na Copa Pódio e a coisa funcionou!
Qual é o seu próximo compromisso no UFC, agora?
O mais importante é que estou saudável e quero uma luta que me faça subir alguns degraus no peso leve. A luta que quero mesmo é contra o Takanari Gomi. É o oponente que desejo encarar agora, vamos ver.
Antes de nocautear no UFC 172, você fez aquele lutaço com o Edson. O que aprendeu com aquela derrota via decisão dividida, pelas mãos dos jurados?
Acho que aquela luta vai ficar na memória dos fãs por bastante tempo, e por isso ela me traz boas lembranças. A batalha contra o Edson foi uma grande experiência para mim como atleta profissional. Ao mesmo tempo, foi uma decepção, porque comecei muito bem e achava que ia ganhar, e no fim deixei a vitória escorregar pelos dedos no último assalto. Aprendi ali que é preciso dar uma puxada a mais no terceiro round, continuar a ir para cima e não economizar em nada.
Achei maravilhoso. Tudo foi perfeito, o treinamento, a comida, o sushi, as mulheres, a praia. Viciei em açaí, tomei três vezes por dia pelo menos. Quero voltar muitas vezes, o Rio é um parque de diversão para lutadores. Tomara que a Copa Pódio me convide novamente. Pode ser contra qualquer oponente, um cara duro do MMA ou do Jiu-Jitsu. Sei que será um desafio que vai me engrandecer.