A derrota de José Aldo para Conor McGregor no último final de semana, no UFC 194, foi um golpe tão forte na torcida brasileira quanto o recebido pelo brasileiro no cage do Ultimate. Ao mesmo tempo que atletas, amigos e fãs apoiaram o atleta, que reinou invicto por 10 anos entre os pesos-penas, uma chuva de críticas assolou as redes sociais com todo tipo de comentário.
Após a tormenta, Dedé Pederneiras, líder da Nova União e treinador de Aldo, emitiu uma carta aberta à imprensa. Nela, o professor explicou a situação do pupilo, além de responder às duras críticas ao ex-campeão:
“Quem está por aí criticando, falando em vergonha, teria coragem de fazer o que ele fez? Aposto que não. Se tivesse, saberia o quão difícil é vencer em um país onde o apoio ao esporte é raríssimo. Meu recado aos críticos é esse: levantem da cadeira, saiam da frente do computador, larguem o celular, e façam melhor. Precisamos de mais pessoas como o Aldo e menos críticos de sofá.”
Confira abaixo a carta na íntegra:
“Neste momento, tenho um profundo sentimento de perda. Não só pelo cinturão do José Aldo, mas principalmente pela perda do respeito ao nosso grande campeão, que sustentou o título do UFC por quatro anos e sete meses, por sete lutas (sem contar os quase dois anos e três lutas de título do WEC). Cheguei hoje de viagem e vi comentários de pessoas que, com certeza, não entendem nada de luta. Se entendem, nunca chegaram a lugar nenhum porque aqueles que alcançaram alguma coisa no nosso esporte sabem o quão duro é competir em alto nível, contra atletas do mundo inteiro, e vencê-los por tantos anos.
Quando o Brasil estava sem nenhum outro campeão, em um momento tenso e preocupante, Aldo manteve seu título. Depois disso, mais dois brasileiros se juntaram a ele, mantendo a fama e reconhecimento do MMA do país em alta. A única coisa que peço a todos é respeito ao nosso grande campeão. Aos que dizem que foi tudo armado, prefiro nem comentar, porque não merecem tempo e atenção.
No último sábado, José Aldo perdeu seu cinturão em uma luta na qual ele não conseguiu mostrar o quão bem treinado e preparado psicologicamente estava. Não houve provocação que entrasse na sua cabeça, não houve falha técnica, mas sim um golpe incomum. Um golpe de encontro como aquele, pegando no queixo de um adversário em movimento, não é uma coisa que acontece toda hora. Mas aconteceu conosco. Se fosse ao contrário, com o McGregor sendo golpeado no queixo e o Aldo no supercílio, hoje estaríamos chamando o Aldo de supercampeão, de melhor de todos os tempos, mas isso são coisas do esporte. Melhor sorte do McGregor, que venceu e, portanto, é o novo campeão.
É preciso entender que o José Aldo é um ser humano passível de derrotas, assim como qualquer outro. As pessoas que hoje aparecem criticando deveriam se conscientizar e pensar: esse cara veio de Manaus para o Rio com uma mão na frente e outra atrás, para morar na academia, dormir no tatame, acordar mais tarde para não passar fome por não ter dinheiro para tomar café da manhã. E ele chegou onde chegou, sempre acreditando que seria um campeão, o que ele se tornou graças a muito trabalho e dedicação. O campeão do povo!
Quem está por aí criticando, falando em vergonha, teria coragem de fazer o que ele fez? Aposto que não. Se tivesse, saberia o quão difícil é vencer em um país onde o apoio ao esporte é raríssimo. Meu recado aos críticos é esse: levantem da cadeira, saiam da frente do computador, larguem o celular, e façam melhor. Precisamos de mais pessoas como o Aldo e menos críticos de sofá.
O rei saiu, mas já já estará de volta!”