Uma das grandes faixas-pretas em ação no Jiu-Jitsu feminino, Michelle Nicolini ainda comemora o título mundial no peso pena. A vitória foi em grande estilo, tendo enfrentado pedreiras como Ana Carolina Lebre e Kyra Gracie. Agora a representante da CheckMat se prepara para estrear no MMA, e também não vai ter vida fácil. No dia 23 de junho, ela luta no Inka Fight, evento no Peru, terra que a torcida costuma botar pressão nos lutadores brasileiros.
Saiba mais no bate-papo da lutadora com o GRACIEMAG.com:
O que achou das suas lutas no Mundial e de mais esse título?
Me sentia muito bem e focada. Estava de by na primeira luta e na segunda enfrentei a Tatiana Nascimento. Consegui aplicar uma chave americana no pé dela. A luta seguinte foi com a Carol Lebre, que já ganhou de meninas duras e da própria Kyra, mais um motivo para eu não arriscar. Chamei logo para a minha guarda e por sorte consegui um triângulo logo no inicio da luta. Estava na final, metade do meu trabalho realizado, faltava só uma luta e a essa altura nada tiraria o meu foco. Estava com muita vontade de ganhar. As pessoas sempre me perguntaram se eu já tinha lutado com a Kyra Gracie, esta foi nossa primeira luta. Ela é muito técnica, justa. Não tive muitos espaços. Quando, no final, vi que eu vencia por vantagens, com ela se defendendo em um triangulo, pensei: ela não vai bater, mas também não vai sair daqui. Aí fiquei ouvindo minha torcida fazer a contagem regressiva e comemorei. Foi só alegria!
Qual é a sua visão do Jiu-Jitsu feminino atual? O que acha das principais lutadoras?
Tem evoluído muito. Ainda precisamos lutar por mais igualdade, ganhar nosso espaço nos eventos e até mesmo na mídia. Enquanto não conquistarmos esse espaço, não seremos favorecidas com patrocínios e boas premiações. Acho que as principais lutadoras têm se preparado de forma bem profissional para as competições. As que não se dedicam 100% ficam no caminho. Sei que as equipes femininas que estão indo bem vão porque contam com muita dedicação das atletas, cumplicidade, meninas que abrem mão de muitas coisas para serem campeãs. Pelo menos as faixas-pretas que conheço, deste ano, campeãs mundiais, abdicaram de várias coisas pelo sonho mundial, pelo reconhecimento do trabalho. Estas estão de parabéns!
Por que decidiu se arriscar numa luta de MMA no Peru? Existem outras propostas também?
Curiosidade, vontade de conhecer e, como você mesmo disse, me arriscar em algo diferente. Quero subir no octagon e sentir essa adrenalina que muitos comentam. Pode ser que eu trave lá na hora, mas também pode ser que eu curta muito. Tinha que fazer uma luta e aí sim poder tirar minhas dúvidas, conclusões. Ainda não tenho novas propostas.
Depois do MMA, como segue a rotina? Preparação total para o ADCC?
Tudo muito na sequência. Ainda bem que venho sem me lesionar r(risos)! Quando voltar do Peru, vou tirar enfim uma semaninha de férias, ficar com meus pais, meu namorado, minhas cachorrinhas… Na primeira semana de julho, de volta a rotina. Vou precisar muito da ajuda dos meus parceiros e parceiras de treino. ADCC é um sonho para qualquer um, quero chegar lá para ser a nova campeã.
E no ADCC, quais vão ser os maiores desafios?
Sabemos que este não é um evento que qualquer uma se inscreve, precisa ser campeã de alguma seletiva ou dona de um bom currículo para ser convidada. Acho que as batalhas serão todas duras e vou estar muito preparada para qualquer adversária. Vai ser muito bom assistir ao Leozinho Vieira lutar ao vivo na minha frente. Só o vi lutando uma vez, em 2005, também no ADCC. Já faz tempo! Gostaria que minhas amigas de treino Luiza Monteiro e Marina Ribeiro fossem convidadas e também o “Buchecha”, todos eles vêm de ótimas campanhas. Vamos aguardar!