Norat à frente da Gracie Humaitá Redlands, na Califórnia.
“Para ser campeão, estude todas as técnicas, mesmo que não goste de usar boa parte delas”, ensina o professor Marcus Norat, nosso GMI na Califórnia, à frente da Gracie Humaitá Redlands. Medalhista de ouro entre os adultos do peso-galo do Mundial 2002 da IBJJF, Norat recorda bem daquele ano mágico em sua carreira:
“Treinei todos os dias, por vários meses, com os mestres Royler e Rolker Gracie, além dos parceiros de treino Megaton, Omar Salum, Saulo e Xande Ribeiro, e vários outros atletas famosos. Foi uma mistura de sonho e pesadelo, pois ao mesmo tempo em que eu evoluía muito, as sessões de treinamento eram duríssimas, uma verdadeira selva”, narra o faixa-preta, nascido em Belém do Pará.
“Sim, eu estava voando, mas um ano depois, em 2003, eu estava ainda melhor, super confiante, treinei tanto ou mais, mas perdi na primeira luta. Então veio aquela decepção e frustração, mas não deixei que isso influenciasse na minha jornada, porque, para ser campeão, perdemos muitas vezes antes de chegar aonde queremos, esses são os famosos altos e baixos do Jiu-Jitsu. Em resumo: para ganhar você vai precisar perder também.”
Norat em ação. Famoso pela guarda arisca.
As dicas valiosas deste artigo o professor Norat tenta retransmitir diariamente aos seus alunos na Califórnia. “Quer ser campeão? Então é preciso perseverança e resiliência, assim como planejamento para o longo prazo. Toda vez que você estiver pra baixo, seja forte para recomeçar, mas recomece com sabedoria. Não adianta recomeçar e repetir os mesmos erros. Siga seu mestre, confie nele, saiba ouvir suas lições e experiências. Seja grato e leal.”
Norat faz questão de realçar a importância da figura de um mestre inspirador na jornada de um campeão: “Acompanho os treinos do mestre Royler desde que eu era faixa-azul e comecei a viajar para o Rio de Janeiro para treinar e lutar. Testemunhei o quanto o Royler se dedicou e abriu mão de algumas coisas importantes para ser campeão mundial, e isso foi o reflexo no espelho que eu queria ver um dia, e que continua sendo minha grande referência.”
Ao lado do mestre Royler Gracie.
“Você gosta mais de competir ou de dar aulas?”, perguntamos a Norat. O professor respondeu: “Essa questão é um pouco complicada, adoro ensinar, mas treino com meus alunos todos os dias e sempre me sinto apto a lutar em qualquer evento. Tenho 49 anos e sou faixa-preta quinto grau e me sinto realizado como lutador, fui campeão mundial várias vezes (IBJJF adulto 2002, 3x IBJJF master (2021, 2019 e 2018), CBJJE 2013, JJWL 2016, NABJJF 2016, PAN, Brasileiro). Cada vez que estou no pódio, eu me sinto no topo do mundo, essa sensação não tem preço, acredito que gosto mais de competir e com isso incentivo meus alunos a me seguirem.”
Como competidor, Norat desenvolveu a fama de guardeiro arisco. “Desde a faixa-azul, pratico diariamente a guarda de gancho. Como os movimentos são associados em grupos, comecei a fazer muito a chave de omoplata também, e com os anos minha raspagem de gancho evoluiu para a “guarda canela com canela” e meu jogo de omoplata para variações de armlock. Meus adversários sabem disso, mas não conseguem evitar os meus botes facilmente e começam a estudar meus jogos e assim fiquei conhecido pela minha guarda, e como disse antes, para ser campeão devemos estudar todos os jogos de Jiu-Jitsu, mesmo que não gostemos de usá-los.”
“No pódio eu me sinto no topo do mundo.”