Texto: Willian von Söhsten (faixa-preta de Cícero Costha e professor de Jiu-Jitsu)
Advogados usam ternos, médicos usam jalecos e lutadores, na maioria das vezes, usam kimonos. Mas você já sabe tudo sobre as calças e paletós que veste?
Há diversas formas de se referir às nossas roupas de lutar: jiujitsu-gi (em tradução livre, “vestimenta para o Jiu-Jitsu), keiko-gi (“vestimenta de combate”), do-gi (“vestimenta do caminho”) ou simplesmente gi (a “vestimenta”).
Entusiastas da arte suave praticam o Jiu-Jitsu por diversos motivos, mas há muitos que o encaram como profissão, seja este professor ou atleta. Por isso, é importante entender alguns aspectos sobre o kimono, principalmente para evitar comprar um que esteja em desconformidade com o que a regra da Federação Internacional (IBJJF) define.
Eles devem ser confeccionados em algodão, ou tecido similar, e serem trançados. Hoje vemos muitos kimonos com calças e lapelas em ripstop, material que tem em sua composição fios de náilon dispostos de maneira quadriculada, e estes têm sido aceitos em competições oficiais.
É necessário que sejam das cores branco, preto ou azul royal, sendo que alguns eventos podem exigir que lutas entre faixas-pretas sejam realizadas apenas com atletas de azul ou branco. São medidas oficiais a espessura máxima da gola em 1,3 centímetro, a largura máxima da gola de 5cm e folga mínima da manga em toda a sua extensão de 7cm. O paletó deve ir até as coxas do atleta e o comprimento mínimo das mangas deve alcançar até 5cm da articulação dos pulsos dos atletas quando os braços estiverem esticados para a frente.
Já a calça deve ter comprimento de 5cm acima do osso do tornozelo, para evitar trajes estilo bermuda. De posse dessas informações você não fará compras das quais venha a se arrepender, como por exemplo ser desclassificado de uma competição por não possuir um traje adequado.
Importante também é saber que o ideal é lavar o kimono toda vez que terminar de treinar. Caso faça dois treinos por dia esforce-se para ter dois kimonos ou mais, de modo a sempre respeitar as questões de higiene. Depois de um certo tempo de treino é normal que passemos cada vez mais a querer adquirir kimonos novos, como se fosse um colecionador. Eu mesmo tenho alguns bem raros de se encontrar e sempre estou de olho nas novidades. Por isso a seguir vão algumas dicas para manter seu kimono limpo, com as cores vivas e sem afetar a resistência do tecido.
Cabe ressaltar que nem sempre temos tempo para lavá-los a mão e por isso acabam indo para a máquina. O que garante uma boa lavagem na máquina é justamente a movimentação do kimono, logo uma máquina cheia vai comprometer a qualidade da lavagem. Macete: ao colocar seu jiujitsu-gi na máquina, use sempre água fria.
Além da água fria, use um bom sabão em pó e lembre-se de lavá-lo sempre do avesso. Certamente você já percebeu que por dentro o kimono é muito menos desbotado e isso não é apenas por ser o lado que menos tem atrito com o tatame. Logo, quando lavamos o kimono sem ser do avesso o processo fará o tecido desbotar pouco a pouco.
Uma tradição antiga no Jiu-Jitsu é lavar o kimono com adição de vinagre branco como uma ótima forma de matar bactérias que causam os mal odores sem enfraquecer o tecido. De fato, uma solução com 5% de vinagre em água é um ótimo antisséptico natural, não-tóxico e que ajuda a matar 99% dos germes. Use de meio copo a um copo dessa solução na máquina, dependendo da quantidade de kimonos. O vinagre é um ácido acético, e é recomendável também para tirar o sabão residual do tecido, o que geralmente deixa o kimono com aquele aspecto enrijecido.
Se o mau odor não sair com o uso de vinagre, uma boa opção é adicionar bicarbonato de sódio à solução. Existem hoje no mercado muitos produtos para limpeza pesada que limpam bem o kimono, mas a verdade é que muitos deles são caros e têm um grande porém: tiram a sujeira, mas prejudicam o tecido. Por isso o bicarbonato e o vinagre seguem entre os favoritos dos lutadores asseados.
Por fim, uma dica para secar o kimono. Na hora da secagem, não deixe seu kimono diretamente ao sol. Se por um lado os raios solares exterminam bactérias e secam o pano mais rapidamente, por outro prejudicam as cores vibrantes – deixando-o menos exuberante – e ainda enfraquecem o tecido. Tente esticar seu kimono em um local seco e arejado, mas sem contato direto com a luz solar.
E você amigo leitor, como costuma cuidar de seu kimono?
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