Do interior do Paraná ao estrelato no Jiu-Jitsu: a história dos irmãos Miyao

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Irmãos Miyao na clássica academia de Cicero Costha, em São Paulo. Foto: Lilian Caparroz/GRACIEMAG

No feriado de 9 de julho de 2007, no estado de São Paulo, o faixa-marrom de Jiu-Jitsu Adriano Carvalho, o “Neco”, resolveu dar uma conferida num projeto de que ouvira falar há pouco tempo. Tratava-se de uma escola de artes marciais rústica, sediada num barracão ao lado de um campinho de futebol. Neco morava em Palmital, São Paulo, e dirigiu 34 quilômetros até Andirá, no Paraná, e empolgou-se com o que viu. 

Neco contou à equipe GRACIEMAG: “Decidi fazer uma visita. Quando cheguei, me deparei com um monte de crianças, mulheres, adultos e adolescentes treinando de kimono. Parecia um monte de cabrito, só sabiam pular. Rolavam na sorte, não sabiam nem dar armlock. Faziam mais judô mesmo”, relembra o professor. “Treinei com todos no chão, e uma semana depois o instrutor me ligou convidando para ensiná-los”, explica. No meio da turma, havia dois pequenos faixas-brancas, dois gêmeos (Paulo nasceu minutos antes) dotados de um olhar curioso, calados que nem o pai, seu Miyao. 

João e Paulo Miyao no Mundial 2012. Foto: Dan Rod/GRACIEMAG.com

Nascia, assim, a história de uma das duplas de guardeiros mais temidas do Jiu-Jitsu moderno. Adriano “Neco”, um adepto fervoroso da guarda “pudim” ou De la Riva, lembra com carinho dos primeiros treinos da dupla, apesar de não gostar de divulgar que foi o primeiro professor dos moleques, há 15 anos, quando os dois ainda tinham 16 anos. “Eles já praticavam judô três vezes por semana, e eu disse que aprender Jiu-Jitsu era aprender a lutar por baixo. Vocês vão sofrer no começo, vão bater muito, mas vão aprender, eu incentivava. E eles toparam, queriam aprender a tal da guarda”, recorda o faixa-preta, ligado à academia de Marco Barbosinha. 

“Eu lembro até hoje do dia em que um dos dois conseguiu dar uma raspagem que ensinei, encaixando uma guarda-X. Ele então abriu o maior sorrisão, o que era raro. Percebi que nada do que eu passava eles esqueciam. Já eram quietos e atentos, como bons garotos de sangue japonês. Eu gostei deles porque também sou quieto”, diz Neco. O professor convenceu os Miyao a começar a participar de campeonatos, e um dia os dois ganharam a faixa-azul. Nessa fase a dupla já treinava três vezes por dia. 

A paixão pelo Jiu-Jitsu batera forte. Foi quando Barbosinha deu um treino com os moleques, numa ida deles a São Paulo, e enxergou o potencial dos manos. “Lembro que no primeiro treino que dei com eles, quando eles vieram aqui lutar um Campeonato Paulista e dormiram na minha academia, deu para sentir que a guarda deles não era a de dois faixas-azuis comuns. Era uma guarda forte, imprevisível. Eram muito bons, pareciam mesmo ter um futuro, se quisessem. Faziam uma guarda aberta, usavam o gancho De la Riva, mas sem o berimbolo de hoje. Chamavam a atenção pela flexibilidade e por uma determinação monstruosa para treinar, aprender e repetir até acertar. Insisti com a família deles que os dois viessem morar em São Paulo sob minha tutela para treinar com os melhores. O mais curioso é que nesse primeiro campeonato eles perderam, eram duros mas faltava treino lá em Andirá ainda”. 

Mas Barbosa sente que não foi 100% bem sucedido no que tentou ensinar aos dois jovens paranaenses. “Eu tentei ensiná-los que a dedicação total ao Jiu-Jitsu, louvável para quem quer ser campeão mundial, não deveria atrapalhar o lado dele de cidadãos. Que deveriam ensinar o que sabiam, ajudar nas aulas, cuidar melhor do kimono. Mas eles só queriam treinar. Deu certo do jeito deles, né? Abdicaram do lado social mas tornaram-se excelentes atletas”, analisa Barbosinha.

E você, também se inspira na história dos irmãos Miyao para brilhar no Jiu-Jitsu?

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