Todo final de ano é igual. Revendo o que ocorreu nos últimos 365 dias, pegamo-nos pensando no que poderíamos ter feito de diferente. E se eu não tivesse batido o carro? E se eu tivesse investido naquele negócio quando tive a oportunidade? E se eu não tivesse ficado doente bem na época em que surgiu uma vaga para promoção? É o período do “O que aconteceria se…” e jogue a primeira pedra neste cronista quem nunca se perdeu nesse tipo de pensamento.
Em 2013, tivemos mais um tópico para nossa imaginação viajar: “O que aconteceria se Anderson Silva não tivesse quebrado a perna no segundo round da revanche contra Chris Weidman no UFC 168?”
Após sofrer uma queda e ser dominado no primeiro round, Anderson voltou para a segunda etapa focado e desferindo potentes chutes na perna de seu oponente. Eis que uma canelada foi defendida pelo joelho de Weidman, causando uma horrível fratura de tíbia e fíbula no brasileiro. Um final triste, frustrante e insatisfatório para todos.
Teria Anderson vencido o combate, retomado o cinturão e apagado a mancha de seu legado? Acredito que sim. Muitos falam que ele já estava perdendo antes da lesão, mas quem acompanha o histórico do Spider sabe que ele frequentemente usa o primeiro round para estudar o oponente, medir distância e calcular o que fará em seguida. Foi assim contra Dan Henderson, e também na segunda luta contra Sonnen. Silva estava perdendo o primeiro round contra Vitor Belfort até surgir a oportunidade de aplicar aquele chute antológico.
Na minha luta imaginária, Anderson minaria Weidman com chutes baixos, prejudicando o poder de queda do wrestler e abrindo espaço para acertar um golpe certeiro na cabeça quando seu adversário estivesse preocupado com as pernas. O que aconteceria em seguida? Anderson se aposentaria? Enfrentaria novamente Vitor Belfort em um combate épico? Venceria ou perderia?
Mesmo uma vitória convincente de Weidman continuará a ser mera especulação. Teria o americano efetivamente continuado a aplicar quedas e seu ground-and-pound? Conseguiria nocautear Anderson? Aplicaria o Jiu-Jitsu que aprendeu com o grande Renzo Gracie para finalizar? Ganharia por pontos?
Infelizmente jamais saberemos. Ainda não inventaram a máquina do tempo DeLorean do filme “De Volta para o Futuro” e nenhum Marty McFly (protagonista do filme) pode alterar o que já aconteceu. Sequer conseguimos prever as centenas de desdobramentos possíveis caso a lesão não tivesse acontecido. Só nos cabe torcer por uma boa recuperação do mais fantástico campeão da história do MMA.
José Saramago já professava que “o talento ou acaso não escolhe, para manifestar-se, nem dias nem lugares”. Na madrugada de 29 de dezembro de 2013, na arena do MGM Grand Las Vegas, foi a vez do acaso se manifestar.