Viver em prol do Jiu-Jitsu é sinônimo de superar as adversidades dentro e fora dos tatames para conquistar os títulos mais importantes do esporte. Aluno do mestre Cezar “Casquinha” Guimarães e representante da Top Brother, o faixa-marrom Pedro Leonardo, de 19 anos, provou-se um dos atletas mais talentosos de sua geração nos últimos anos. Ainda na faixa-azul, ele boletou o ouro duplo no juvenil 2 do Europeu 2020, com desempenho avassalador.
Oriundo de um projeto social em Salvador Camará, Pedro treina com o mestre Casquinha desde a faixa-amarela e, desde então, é lapidado por nomes consagrados da equipe, como Leonardo Ligeirinho, Karlona Hipólito, entre outras feras da escola. O peso leve estará em ação no Europeu 2023, a ser disputado entre os dias 23 e 29 de janeiro, em Paris, na França, e tem como meta repetir o ouro duplo que conquistou há três anos.
Pedro Leonardo conversou com a equipe do GRACIEMAG.com e falou sobre o começo no Jiu-Jitsu, seus maiores sonhos na modalidade e a importância do título no Europeu 2023 para guinar sua carreira no esporte.
GRACIEMAG: Como começou a sua história no esporte?
PEDRO LEONARDO: Comecei a treinar Jiu-Jitsu aos 7 anos num projeto social em Salvador Camará e, desde então, não parei mais. Estou nessa caminhada há 12 anos. Conheci mestre Casquinha quando eu estava na faixa-amarela porque ele implantou o projeto social da Top Brother lá. Treinei firme, me destaquei nos campeonatos e, anos depois, passei a treinar na Top Brother Matriz, onde faço parte até hoje.
O que um eventual ouro no Europeu 2023 representaria para você?
Seria uma prova de resiliência, sem dúvidas. O ano de 2022 foi bem difícil para mim, porque comecei bem, com o ouro no Rio Summer, mas machuquei o joelho e não consegui treinar em alto nível. Gostaria de repetir o feito do Europeu 2020, onde fui campeão absoluto e no peso. Foi a minha melhor performance em campeonatos. Cheguei bem preparado, fiz um camp incrível, nunca tinha me sentido tão pronto para lutar. Foi emocionante para mim porque eu vim da comunidade e estava no exterior com duas medalhas de ouro graças ao Jiu-Jitsu. Eu esperava ser campeão, mas fiquei surpreso com o tamanho da repercussão do título. Minha meta atual é repetir o ouro duplo e finalizar todos os adversários.
De que forma a pandemia e as lesões atrapalharam seus planos nos últimos anos?
Estava muito animado após o Europeu, lutei o Curitiba Open e fui campeão no peso. Não queria parar por aí. Pretendia ser campeão brasileiro e mundial na faixa-azul, no entanto, a pandemia começou e eu desanimei. Cheguei a morar cerca de um ano na academia. No fim de 2020, fui graduado faixa-roxa e tive um bom começo. Depois de vencer o peso no Rio Summer, fui lutar no absoluto e lesionei os ligamentos do joelho na primeira luta. Eu até venci o combate, mas o joelho ficou bem danificado. Foi um período complicado, porque passei um tempo sem treinar para focar na fisioterapia. Não estava me sentindo bem quando voltei a competir e sofri uma lesão na clavícula. Voltei a me sentir bem nos campeonatos quando lutei o Brasileiro, consegui vencer três lutas e fui parado nas quartas de final.
Quais são os seus maiores ídolos no Jiu-Jitsu?
Acredito que o maior deles seja o Leandro Lo. Era um cara que eu acompanhava desde a minha infância, me tornei muito fã do estilo dele. Estudei o jogo do Leandro para aprimorar o meu. Hoje em dia, sinto mais confiança na minha guarda, mas acho que passar é mais vistoso. O professor Leonardo Ligeirinho é uma outra grande inspiração que eu tenho. Treino com ele desde faixa-laranja e adquiri bastante conhecimento com ele, especialmente técnicas de passagem de guarda. Tenho várias posições no meu repertório que aprendi com ele. O Ligeirinho me ensinou a mesclar força e agilidade, que são as bases do meu jogo. Gosto de passar a guarda e ver o desconforto do adversário. Também tenho como ídolo o mestre Casquinha, que sempre acreditou no meu potencial e esteve ao meu lado em todos esses anos. Passamos muitos momentos juntos, tanto os bons quanto os difíceis, e ele nunca desacreditou de mim. O jeito que ele me criou nos tatames me tornou mais casca-grossa, sem dúvidas. Sou o único remanescente entre todas as crianças que começaram comigo no projeto social em Salvador Camará.
Qual é o diferencial do seu jogo, Pedro?
Eu faço de tudo e me sinto confortável com ou sem kimono. Eu passo bem, faço todos os tipos de guarda, não há posições em que eu caia que eu me sinta desconfortável. Quando estou por baixo, prefiro fazer guarda De la Riva e, por cima, gosto de passar a guarda-laçada, e até mesmo a própria De la Riva. São posições em que eu consigo pressionar e ter a base firme sem ser tão ameaçado pelo adversário. Quanto aos ataques, o arco e flecha e o mata-leão são as minhas finalizações preferidas, gosto muito de atacar o pescoço.
Quais são os seus maiores sonhos no Jiu-Jitsu?
Esportivamente, o meu maior sonho é ser campeão mundial na faixa-preta e do ADCC. Porém, o maior sonho que tenho na vida é prover uma vida melhor para a minha família e ser exemplo para a nova geração. Esse é o meu plano A, e o plano B é fazer o plano A dar certo.
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