GRACIEMAG: Como você chega para esta guerra decisiva contra Travis Browne, no UFC do dia 19 de abril em Orlando?
FABRICIO WERDUM: Eu me sinto no melhor momento da minha carreira. Tenho 36 anos e estou vivendo minha fase mais profissional como lutador. Também sou comentarista do UFC na versão em espanhol, exibida para toda a América Latina. E tenho uma terceira responsabilidade, que é ser embaixador do UFC na América Latina. Meu papel é introduzir o esporte e explicar às pessoas que não o conhecem o que é o UFC. Não para os fãs, mas para novos espectadores em potencial. Então estou com três empregos no UFC: lutador, comentarista e embaixador. E fisicamente e tecnicamente estou me sentindo muito bem.
Você então está sempre treinando ou viajando, é isso?
Sim, o UFC me envia ao México, Colômbia, Chile e vários outros países. Fico nesses lugares uns três dias e promovo o evento em todas as mídias. O UFC está investindo muito nesses novos mercados. Eu ainda gravo o programa “UFC Ahora”, que é a versão em espanhol do “UFC Now”, com o Kenny Florian e o Daniel Cormier. Também está sendo produzido um “TUF” da América Latina, em que as inscrições ainda estão abertas para os atletas novatos. Já o treinador deve ser o Cain Velasquez, contra mim ou contra o Travis Browne. Quem ganhar essa luta será um dos treinadores do “TUF” América Latina. Vai ser especial, pois o reality show vai reunir lutadores de vários países diferentes.
Como está seu camp para a luta contra o Travis?
O treino está excelente, estou treinando já há sete anos com o professor Rafael Cordeiro na academia Kings MMA. A parte de wrestling é com o Kenny Johnson, que adapta as quedas ao MMA como ninguém. Há quase dois anos, afio o Jiu-Jitsu e faço a preparação física na academia do Rubens Cobrinha. Hoje estou com 109kg e me sentindo muito bem. Cobrinha é um cara muito sério como treinador, exige muita repetição, então acho que vou entrar muito bem tecnicamente também.
Como você analisa o seu Jiu-Jitsu hoje?
Ouço gente no mundo do MMA dizer: “Bah, você não precisa mais treinar Jiu-Jitsu, tu já és bom”. Eu penso completamente o contrário. Como todo mundo já sabe que meu Jiu-Jitsu é forte, preciso treinar muito mais para ficar melhor ainda, senão os adversários vão conseguir evitá-lo com facilidade. Hoje chego à academia do Cobrinha às oito da manhã e ele só me deixa ir embora às duas e meia da tarde! Fico no tatame direto, só saio para comer uma coisa e tomar os suplementos. Eu não quero que aconteça comigo o que já vi com vários lutadores vindos do Jiu-Jitsu, que começam a treinar boxe e muay thai e o jogo deles muda completamente. Estou ciente que o meu jogo é no chão. Chegou no chão, sei que tem que acabar a luta; não posso perder posição.
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Qual é a pior parte da transição do Jiu-Jitsu para o UFC?
Tomar soco na cara, né. Se você assistir às minhas lutas, vai ver que eu quase não tomo muito murro quando estou no chão. Ali consigo me defender bem – o cara até bate, mas sem muita força. O que me ajudou muito na minha transição foi a escolinha de defesa pessoal nas academias Behring, Corleta e Hunter, isso fez total diferença. É a base forte para o cara saber se defender no octagon.
Qual é o ponto mais forte do Travis?
Ele tem um muay thai muito apurado, e mostrou isso ao mundo agora. São três vitorias com o melhor nocaute da noite, e isso certamente não pode ser subestimado. O Travis Browne está fazendo o jogo dele tão bem que suas lutas nem estão indo para o chão. Isso também é fruto de sua boa defesa de quedas. Ele tem uma cotovelada boa, mas eu lembro aos fãs que eu também tenho dois cotovelos. Se ele vacilar, vou descer a cotovelada nele também. Mas estou bem tranquilo, vou ter 25 minutos para derrubá-lo e sei que vamos para o chão.
Com o evento em Orlando, você espera muito incentivo dos brasileiros por lá, certo?
Espero que sim, torço para que tenha uma galera barulhenta lá, se eles gritarem “Uh, vai cavalo!” eu me emociono! Espero uma torcida bem grande, também pela TV no Brasil. Nas últimas vezes que voltei ao Brasil vi que o pessoal cada vez torce mais, me respeita pelas minhas vitórias recentes. Peço para a galera torcer mesmo, pois a energia positiva da galera chega lá no octagon, e vou sair de lá com mais uma vitória para me deixar mais perto do cinturão dos pesos pesados.