Exclusivo: Rayron Gracie exalta Jiu-Jitsu simples e agradece Kyra e Roger

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Rayron Gracie venceu o absoluto faixa-marrom no Mundial 2023. Foto: Tyy Withrow/GRACIEMAG

Rayron Gracie encerrou sua longa e vitoriosa trajetória nas faixas coloridas após o Mundial 2023, disputado na Califórnia, no começo de junho, ao vencer o absoluto na marrom. Cerca de duas semanas após brilhar na Pirâmide de Long Beach, o filhão de Ryan entrou para o almejado grupo de faixas-pretas. Rayron foi graduado pela prima Kyra na escola Gracie Kore, sediada na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Em papo com nosso Carlos Cobrinha, ele destacou a alegria de ser o primeiro Gracie promovido faixa-preta por uma professora.

“Muita gente não sabe mas a Kyra foi a minha primeira conexão com o Jiu-Jitsu competitivo”, revelou Rayron. “Os meus tios Renzo e Ralph moravam nos Estados Unidos e meu pai havia falecido. Desde novo, eu treinava com a Kyra e a via em casa com as medalhas. Ali pude ver o que era trabalho duro em relação ao treinamento. Ela foi o meu primeiro exemplo e eu me espelho nela”, contou o novo faixa-preta da família.

Na conversa, ao vivo pelo Instagram @GraciemagOficial, Rayron contou como lida com a pressão de integrar a família mais tradicional do Jiu-Jitsu e descreveu como as presenças de Kyra e Roger Gracie foram determinantes para ele triunfar no Mundial 2023.

GRACIEMAG: O que vai mudar agora para você, ao competir na faixa-preta?

RAYRON GRACIE: Creio que nas faixas coloridas os competidores são quase sempre os mesmos, ali no alto nível – você vai subindo com os mesmos caras. Já na preta há um outro grupo de lutadores que se enfrentam há anos. É o lugar onde todos os grandes lutadores se encontram. Então é uma sensação incrível para mim entrar nesta nova fase, muito maior tanto na questão da quantidade de competidores e de diversidade. Não vejo a hora de estrear na faixa-preta e enfrentar todos esses lutadores que estão aí há anos.

Você tem previsão de quando vai estrear na faixa-preta?

Não tenho uma data específica, só posso garantir que vou estar presente no Mundial 2024. Eu pretendo estrear na faixa-preta antes, talvez numa luta casada. Prefiro competir em campeonato a fazer luta casada. Acredito que dessa maneira você consegue provar sua eficiência contra diversos oponentes. Nunca participei de lutas casadas, porém, não vejo a hora de me desafiar. Tenho alguns nomes em mente, não gostaria de mencionar, mas seria uma honra enfrentá-los.  

Qual foi a sensação de receber a faixa-preta das mãos da Kyra?

Muita gente não sabe, mas a Kyra foi a minha primeira conexão com o Jiu-Jitsu competitivo. Os meus tios Renzo e Ralph já moravam nos Estados Unidos e o meu pai já havia falecido. Desde novo, eu via a Kyra em casa com as medalhas e pude ver o que era trabalho duro em relação ao treinamento. Ela foi o meu primeiro exemplo nos tatames e eu me espelho nela. Passei oito anos em Nova York e não fiquei tanto tempo com ela nesse período. Foi muito especial voltar ao Brasil e receber a faixa-preta das mãos dela, foi como se o ciclo tivesse voltado ao começo. Sou o primeiro homem Gracie a receber a faixa-preta das mãos de uma mulher. Aliás, recebi da primeira mulher Gracie a ser graduada faixa-preta. Tenho orgulho disso tudo.

Como a presença da Kyra e do Roger foram importantes para você no Mundial 2023?

Foi ótimo, mas também me deixou dez vezes mais nervoso com eles lá. Além da parte do campeonato, foi um momento prazeroso. Só de estar com eles naquele momento e saber que carrego o legado da minha família me deixa muito orgulhoso. Em 2025, completaremos 100 anos desde que Carlos Gracie deu a primeira aula de Jiu-Jitsu no Rio de Janeiro. Então saber que mais uma geração da família segue nos campeonatos depois de quase um século me deixa honrado. Já valeu a pena só de deixá-los orgulhosos.

Kyra, Rayron e Roger Gracie no pódio do Mundial 2023. Foto: Divulgação/IBJJF

Qual foi a maior dificuldade que você superou no Mundial 2023?

Eu perdi a final do peso e isso me chateou bastante porque eu tinha certeza que seria campeão. Consegui chegar à final, mas fiquei em segundo lugar. Todas as lutas foram duríssimas no superpesado e a transformação da minha mentalidade do peso para o absoluto foi bem difícil, mas também foi o momento mais especial. Eu não estava com a mesma adrenalina que cheguei ao campeonato e não estava nem com a mesma vontade de lutar, porque tinha perdido. A grande lição do torneio foi reativar esse modo em mim e saber que eu tinha capacidade de vencer o absoluto. 

Como você se prepara psicologicamente para os campeonatos?

Acho que é uma combinação de fatores. O treinamento é fundamental, se você tiver um camp bom, sua confiança será maior no campeonato, não adianta treinar nada e falar que vai ganhar o campeonato, isso é coisa de maluco. Mas, às vezes, são uma série de fatores. Seu camp pode não ter sido o ideal, mas você pode conseguir a confiança no dia e ter um resultado bom. Então é controverso. Por exemplo: meu camp não poderia ter sido melhor, treinei com o Roger e com o Charles Negromonte em Londres e tive uma ótima preparação, o que me deu confiança. Às vezes, olhamos para os nossos ídolos e os vemos com uma certa distância. No meu caso, esse espaço é encurtado, já que há vários campeões na minha família.  

Como você lida com essa pressão de impressionar seus familiares?

A pressão é extremamente importante. Se eu não tiver pressão, não terei motivos para me dedicar. Eu não conseguiria lutar nem treinar da mesma maneira se eu não tivesse essa pressão, por mais que seja difícil de lidar em certos momentos. Tenho convicção de que o peso do sobrenome é inevitável e me faz bem no fim. Ao mesmo tempo em que não é tão prazeroso estar com essa responsabilidade todos os dias, sei que é algo que me beneficia. 

Qual foi a lição que o título absoluto na faixa-marrom proporcionou?

Quando venci o absoluto, passou um filme na minha cabeça, com momentos nas faixas branca, amarela e azul. Por mais que eu soubesse que queria ser um lutador, é difícil imaginar que eu me tornaria campeão mundial em todas as faixas coloridas. Vejo que tudo é um processo, o importante é seguir adiante, não parar de treinar, mesmo que pareça difícil em boa parte do tempo. Estou com a mesma mentalidade de quando era faixa-azul. Estou muito feliz e, como disse anteriormente, não vejo a hora de estrear na preta.

Gostou dos melhores trechos da entrevista? Clique aqui para conferir o bate-papo completo. 

 

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