Faixa-preta de Jiu-Jitsu formado na Alliance Rio, sob o comando do professor Gigi Paiva, Fabio Leandro estudou a arte suave por anos até formar a Alliance Angra dos Reis. Com o sucesso de sua academia na Costa Verde, Fabio viajou de férias para a Flórida, e se apaixonou por South Venice, cidade que hoje ele se orgulha de ajudar com os ensinamentos do Jiu-Jitsu, dentro e fora dos tatames da Alliance Venice Team.
Para entender melhor a rotina de entrega do dedicado professor, GRACIEMAG bateu um longo papo sobre a escolha do Jiu-Jitsu como profissão, o amor e dedicação para melhorar a comunidade de Venice com o Jiu-Jitsu e as metas para um futuro grandioso ensinando não só a arte suave, mas usando a filosofia do Jiu-Jitsu para melhorar a vida dos alunos e amigos da Flórida. Confira!
Como foi seu início no mundo das lutas?
Comecei treinando Jiu-Jitsu através de uns amigos advogados em 1998. Em 2008 tive o prazer de conhecer o Alexandre Paiva, Gigi, um dos fundadores da Alliance. Desde então toda minha vida mudou, não mudou somente dentro do tatame, mas fora também. Uma das coisas mais importantes foi o aconselhamento e toda a infra estrutura que tive quando entrei na Alliance, que é uma equipe de grande porte. Em certo momento da minha vida eu recebi um convite para dar aulas nos Emirados Árabes Unidos, mais precisamente em Abu Dhabi. Estava muito em dúvida, porém conversando com meu professor Gigi e minha família, resolvi não ir. Hoje eu vejo que essa foi a melhor decisão que tomei, pois além de ouvir meu professor, tive todo o apoio da minha família para ficar no Brasil. Desde então, participei de vários seminários e cursos na Alliance, convivi com atletas campeões mundiais e com isso minha mentalidade e visão de mundo se ampliaram de uma forma inexplicável. Treinar com Tererê, Taiane Porfirio, Cobrinha, Hiago Gama, Victor Genovesi, Léo Leite, Gianni Grippo entre outros grandes nomes não tem preço, o nível técnico do seu Jiu-Jitsu aumenta em muito. Fundei a Alliance Angra dos Reis e a Grip Brazilian Jiu-Jitsu. Desde então tenho vivido e investido tempo para fazer novos atletas em diversas partes do mundo, não somente dentro da Alliance, mas também em outras equipes que têm me convidado para dar consultoria, fazer seminários, entre outros.
Depois desse início arrebatador, como está a sua rotina no Jiu-Jitsu hoje em dia?
Hoje moro em North Port, Flórida e faço parte da Alliance Venice Jiu-Jitsu Team, equipe que abriu as portas para eu treinar e fazer novos amigos. No convívio diário tenho aprendido muito com diversos atletas, e também consigo passar muito do que aprendi em mais de 22 anos dedicados a esse lindo e hoje grandioso esporte. Digo pra todos eles que fazer parte uma grande equipe 12 vezes campeã mundial não tem preço. É muito bom, mas com esse peso vem muitas responsabilidades, como por exemplo fazer da sua academia sua segunda casa, onde você tem regras que precisam ser seguidas. Tenho participado de diversos campeonatos na faixa-preta, competindo em alto nível técnico na IBJJF por vários estados nos EUA, podendo conhecer novos lugares e testar o meu Jiu-Jitsu. Somente em 2019 eu participei de nove campeonatos da IBJJF ficando sempre em primeiro ou segundo lugar, acho que foi um dos melhores anos da minha vida atuando como atleta. Estou nos EUA há quase três anos e tenho aprendido a amar de uma forma grandiosa este país, que tem me abraçado como se eu tivesse nascido aqui. Poder compartilhar o Jiu-Jitsu brasileiro com meus amigos de treino não tem preço.
Como você vem lidando como atleta neste momento desafiador de pandemia em Venice, na Flórida?
Acredito que todos os atletas em todos os esportes tiveram pelo menos um mês de férias forçadas por causa do Covid-19, e boa parte deles ganharam alguns quilos, enquanto outros mantiveram a forma. Esse momento foi muito bom para mim e minha família, pois eu vinha num intenso e cansativo ritmo de treinos para as competições, que já estão voltando ao normal. Tenho treinado de 6 a 8 horas por dia para levar o nome da Alliance Venice JJ a lugares jamais vistos e pretendo investir tudo que tenho para transformar a vida dos meus amigos de treino e influenciá-los da melhor maneira possível, transformando a vida de todos fisicamente, mentalmente e emocionalmente através do Jiu-Jitsu que tanto amo. Isso me motiva a caminhar e crescer como profissional, atleta, pai, amigo, filho, marido.
Onde você vê sua equipe em cinco, dez anos?
Primeiramente, pretendo solidificar a Alliance Venice Jiu-Jitsu, transformando-a em referência na costa oeste da Flórida. Tenho planos futuros de estabelecer novas academias de Jiu-Jitsu e fitness, adequando todas elas ao padrão de excelência da Alliance Association. Trabalhar para treinar e formar novos campeões mundias pela IBJJF e levar novos atletas ao UFC.
Quais as principais diferenças em treinar Jiu-Jitsu fora do Brasil? Você sente saudade de algo em especial?
Treinar Jiu-Jitsu nos EUA tem somente vantagens, não só pela infra estrutura mas também pela segurança. Hoje eu treino em uma academia que me dá o suporte necessário com todo aparato de alta qualidade que preciso para um treino de alto nível, e tenho acesso a tudo que há de melhor no mercado. Também é muito legal aprender dia após dia sobre uma nova cultura e poder compartilhar sobre o Brasil com meus companheiros de treino e amigos. Essa troca de experiência tem me feito crescer e amadurecer. Saudade é algo que você vai sempre sentir, principalmente quando se está em outro país, longe de toda família e pessoas que fazem parte da sua história. Quando eu treinava na Alliance Rio de Janeiro ou na Alliance Angra dos Reis, por exemplo, todo treino era como se fosse um campeonato. E quando o treino acabava o que restava era amizade, companheirismo, lealdade entre outras coisas que o Jiu-jitsu ensina.
Quais são as lutas de Jiu-Jitsu que mais inspiraram você? Por quê?
Eu tive a oportunidade de assistir a luta do Wallid Ismail com Royce Gracie no Rio de Janeiro e aquilo me marcou muito, pois eu estava começando a minha trajetória e não sabia que muitos anos depois eu seria um atleta referência na cidade que estou. Tudo isso que eu vinha assistindo ao vivo ou pela TV, como o início do UFC ou do Jiu-Jitsu, me incentivou a estudar e crescer profundamente dentro do esporte. Eu cresci aprendendo a sempre dar o máximo de mim e fazer tudo com excelência, principalmente sabendo que o que estou fazendo pode me dar um futuro promissor ou melhorar a vida de pessoas ao meu redor.
Qual é o ensinamento fundamental do Jiu-Jitsu?
O ensinamento fundamental para mim é a humildade que você aprende a ter, a segurança emocional e a oportunidade de mudar vidas. Eu nunca paro de aprender algo novo no tatame, seja como faixa-preta ou com algum amigo de treino faixa-branca. Você tem que estar com a cabeça aberta para aprender e para treinar suas deficiências. Nunca desistir é outra dica. O processo até chegar na faixa-preta é muito longo, mas o que eu digo pra todos os meus companheiros de treino é que a jornada é longa, mas que eles não estão sozinhos e que todos eles podem contar comigo. Sabe aquele dia que você pensa em desistir? Então, é nesse dia que eu chego e falo: “Amigo, pode contar comigo, vamos mais uma milha juntos, você não está sozinho”.
Como você se integrou à comunidade local de Venice? Quais os benefícios que você oferece à comunidade e como vem sendo o retorno?
Eu vim passear na Flórida. Quando cheguei conheci um americano que me fez um convite para ser atleta da academia dele em Venice. Aceitei e me encantei com a cidade, e quem sabe poderia viver aqui por toda a minha vida, mas desde então tenho treinado na Alliance Venice Jiu-Jitsu Team. O legal é saber que eu ajudo a desenvolver a única academia de Jiu-Jitsu da cidade de Venice, que eu sou o primeiro atleta de alto nível na cidade e que eu posso ajudar de várias formas a fazer novos campeões. Diversos frutos já estão sendo colhidos na comunidade local, onde fazemos projetos voluntários, cursos de defesa pessoal gratuitos, transformando vidas através do Jiu-Jitsu. Uma das coisas mais legais foi poder levar americanos para campeonatos e todos eles chegaram ao pódio. Ver seus amigos de treino no pódio e saber que você ajudou a levá-los até lá é algo muito gratificante.