Os primeiros passos de Davi Cabral no Jiu-Jitsu começaram num ambiente bastante inspirador para um rapaz que no futuro iria dedicar a vida ao esporte. O lutador carioca, no início de 2010, se matriculou na Team Nogueira, no bairro do Recreio dos Bandeirantes, e passou a fazer parte da mesma equipe dos irmãos Nogueira, Rogério e Rodrigo, e Anderson Silva, lendas do MMA. Seguir uma carreira nessa modalidade seria uma realidade na fase adulta de Cabral, mas antes, foi o Jiu-Jitsu que o impulsionou na vida de atleta.
“Eles foram as inspirações para que despertasse dentro de mim esse sonho da luta. Ter acesso ao mesmo local de treino desses caras já era, para mim, uma enorme conquista”, diz Cabral, hoje faixa-preta de Jiu-Jitsu.
Davi Cabral sempre gostou do clima de competição e, quando chegou ao nível máximo de graduação, não se acomodou. Pelo contrário, competir muito na faixa-preta, na elite do esporte, requer força de vontade e abdicações.
Nas faixas coloridas, Davi Cabral foi campeão brasileiro sem kimono, na faixa-azul, e dois anos depois, com a roxa na cintura, ele venceu o Pan da IBJJF, também sem pano. O título do Europeu veio em março, em 2020. Na faixa-preta, os principais triunfos de Davi Cabral foram no grappling, conquistando o ouro no Sul-Americano e no Pan No-Gi. Nesse último, ele venceu Haisam Rida na final, atleta com boas credenciais no grappling. Um título que ele carrega na trajetória como um dos mais marcantes.
“É muito difícil escolher só um, mas esse foi especial. Muitas pessoas na expectativa de me ver lutando contra um atleta renomado que estava voando, o Haisam Rida, e eu consegui vencer a final fazendo uma luta bem dominante, impondo meu jogo por cima e por baixo. Vencer alguém desse calibre em pleno auge foi muito bom e importante para abrir muitas portas também. Eu sempre acreditei em mim, mas eu vinha de uma longa jornada sem competir no mais alto nível do No Gi e havia muito hype em cima dessa luta porque o Haisam Rida tinha acabado de vencer grandes expoentes do Jiu-Jitsu, com uma campanha monstruosa no ADCC”, relembrou Davi.
Para alguém que se define apaixonado pelas sensações pré-competição, “essa adrenalina e montanha russa de aprendizados”, Davi vive hoje a experiência de lutador de MMA, um curso natural para muitos lutadores que brilham nas competições de Jiu-Jitsu. No seu último compromisso, o atleta, que vive hoje no Texas, nos EUA, lutou no Peak Fighting Championship e seu adversário foi Roderick Stewart, derrotado por finalização.
“Eu segui a estratégia à risca e soube fazer uma boa leitura dos golpes. Meu intuito era chegar numa queda convencional e seguindo a estratégia de luta de trocação as portas se abriram para a queda. Durante a luta, eu fiz uma leitura que os chutes que eu estava jogando não só seriam importantes para congelar o oponente, mas também consegui usá-los como uma rasteira. Quando a gente chega no chão assim, chega a dar um alívio, uma sensação de que agora estamos ditando o ritmo da música.”, analisou o campeão.
Competindo MMA, e se motivando pelo sonho de um dia assinar um contrato com o UFC, um desejo que ele preserva desde os primeiros treinos, Davi Cabral não pretende abandonar o Jiu-Jitsu. Tanto no grappling quanto no Jiu-Jitsu sem kimono, ele planeja fechar superlutas. Se for para citar uma meta, ele mira o ouro do Mundial No Gi da IBJJF, uma conquista ainda não atingida.
“No momento eu miro um dia poder lutar em Las Vegas pelo UFC e realizar um sonho de menino. Creio que tudo que a gente faz com amor, disciplina e foco, a gente acaba tendo retorno. Eu não tenho pressa, sou novo, acabei de completar 25 anos e hoje eu vejo que o auge da galera é por volta de 30 e poucos anos, então ainda tenho muita lenha pra queimar, muita coisa pra evoluir e aprender nessa caminhada. A minha ascensão no MMA se deve muito a tudo que construí no Jiu-Jitsu, não só em termos técnicos, mas toda experiência e sabedoria que venho adquirindo lutando no mais alto nível do esporte por tantos anos.”, afirma Davi, pronto para alçar voos ainda maiores.