Em entrevista recente a Clarissa Frajdenrajch, do jornal “O Globo”, o narrador mais famoso do Brasil admitiu que o UFC foi um desafio inesperado a essa altura de sua carreira. Galvão Bueno, 61 anos, detalhou ainda sua preparação para narrar MMA, confessou que via o UFC desde os tempos de Royce e disse que, mesmo que pare de narrar futebol, quer continuar comandando o UFC na TV Globo, que estreou em novembro com o nocaute de Junior Cigano contra Cain Velasquez.
“Oito dias antes da luta, Luiz Fernando Lima (diretor da Central Globo de Esportes) me ligou, perguntando o que eu achava da ideia de narrar o UFC”, relembrou Galvão. “Eu disse, ‘Vamos agora!’. Tenho uma história de narração de boxe. Eu fiz Muhammad Ali, Evander Holyfield, Mike Tyson, Acelino Freitas. Sempre gostei. A casa queria um início à altura do UFC e eu estava à disposição. E é muito bacana porque você chega a uma fase em que imagina que já enfrentou todos os desafios. Eu não esperava que pudesse aparecer algo novo e com uma repercussão tão grande. A nossa conversa foi numa sexta. Na terça, eu fui avisado oficialmente. Naquela mesma noite, eu já era esse tal de trending topics no Twitter. Eu, então, fui me preparar”.
O narrador, que confessou que só sabe ser um locutor passional, de se “rasgar publicamente”, admitiu que via os primeiros UFCs.
“Acompanhei muito o início do esporte, quando começou em 1993, mas fui estudar o assunto. Tive a sorte de estar reprisando o UFC de Birmingham, na TV Italiana (Galvão mora em Mônaco), e vi as lutas. Como graças a Deus eu não tenho só inimigos, tenho amigos, eles começaram a me mandar pesquisas, como por exemplo o glossário dos termos que são usados atualmente para que eu traduzisse as expressões. Vim de Paris para São Paulo dando uma lida em tudo. Estava pilhado!, admite ele, que no fim, celebrou o sucesso e agradeceu o carinho dos antigos fãs do MMA.
“Desde as grandes corridas do Senna que eu não via uma transmissão que eu fosse fazer com tanta expectativa e repercussão. Continua sendo desafiador. Vai ter outra agora em janeiro, no dia 14. Imagina a arena lotada!”, visualizou, empolgado.
“Eu me senti entrando na arena ao começar a narração do UFC. E tive a sensação exata quando falei, e a expressão surgiu na hora, que eram os gladiadores do terceiro milênio. É isso mesmo! É claro que os gladiadores eram, na maioria, escravos que lutavam pela sobrevivência. Não é o caso do UFC, um esporte com 32 regras. Então foi espetacular, até falei para o Cigano que a luta tinha de ter demorado um pouco mais porque a audiência estava crescendo. Foi um índice significativo para o horário. Subiu 40% desde a hora em que entramos no ar. O Cigano podia ter deixado mais três minutos ali”, brincou Galvão.