Vencer por decisão dos árbitros não bastava para Gilbert “Durinho” Burns (21v-5d) no UFC 283. O meio-médio de 36 anos almejava uma vitória contundente para honrar o privilégio de lutar no Rio de Janeiro. Momentos antes da despedida no hotel, no sábado, 21 de janeiro, a esposa Bruna fez Durinho prometer que ele derrubaria e finalizaria Neil Magny sem passar sustos.
Empurrado pelos amigos e familiares presentes no evento, Durinho precisou de apenas 4min15s para cumprir a promessa. O faixa-preta estrangulou o americano no katagatame e voltou a vencer no Ultimate por finalização pela primeira vez desde abril de 2019. “Foi um momento único na minha carreira”, recordou Gilbert.
Em entrevista exclusiva ao GRACIEMAG.com, Gilbert Durinho lembrou momentos da noite inesquecível na Jeunesse Arena, comentou a possibilidade de se treinador da próxima edição do “TUF” ao lado de Colby Covington e destacou a importância do trabalho com sua psicóloga para se manter focado nas metas traçadas.
GRACIEMAG: O que representou para você ter voltado a vencer por finalização logo no Rio?
GILBERT DURINHO: Foi especial demais. No dia da luta, eu precisava sair do hotel às 21h30 para ir à Jeunesse Arena. Às 14h30, minha esposa se despediu de mim e me fez prometer que eu iria derrubar e finalizar. No começo, eu pensava em ganhar do jeito que fosse necessário, não escolho como vai acontecer, quero vencer. Quando a luta começou, lembrei da promessa que fiz a ela e, se a minha mão não entrasse, eu tentaria a queda. Eu até acertei o golpe, mas cinturei e quedei. A partir daí, o resto é história. Consegui montar e finalizar no katagatame. Estou feliz, entendi que nessa jornada do MMA não dá para fazer apenas Jiu-Jitsu. Me apaixonei pelo wrestling e pela trocação, tento aplicar isso em competição, mas o Jiu-Jitsu é a minha raiz. Acredito que se eu usar mais o meu chão, principalmente contra um adversário que não é wrestler, fica até mais fácil. Creio que tenho que estar afiado em todos os setores para ser campeão do UFC.
O que passou na sua cabeça assim que você conseguiu a finalização diante de familiares e amigos presentes no evento?
Foi um momento único na minha carreira, me senti privilegiado por lutar na minha cidade com a minha família e vários amigos na torcida por mim no evento. Há vários campeões que não terão a oportunidade de lutar na cidade deles, e eu tive. Quis honrar isso ao máximo e consegui a finalização de forma rápida.
De alguma forma a derrota do Gregory “Robocop”, seu parceiro de treinos, te deixou mais alerta para lutar?
Eu já lutei várias vezes no mesmo card que vários amigos, mas no momento da luta eu tento ser um pouco egoísta. Lógico que eu queria que ele ganhasse, estava na torcida por ele, inclusive, acho que ele tem um futuro brilhante no UFC mesmo com a derrota. O resultado me deixou mais ligado. A derrota não me atingiu negativamente, pelo contrário, me deixou mais alerta.
Por que é tão difícil casar lutas contra os atletas mais bem ranqueados da divisão?
Eu não desafiei o Chimaev para uma revanche porque eu soube que ele vai subir para os médios, é certo isso. Eles não querem me enfrentar porque sabem que eu sou uma luta muito difícil para eles. Eles têm noção do nível do meu Jiu-Jitsu, da minha mão pesada e sabem que eu vou fazer uma guerra se for necessário. Então preferem segurar lugar no ranking, é muito difícil conseguir lutar contra eles. Porém, vou continuar meu trabalho e posso até enfrentar algum lutador que não esteja no top 5. Acho que é questão de tempo, independente de quem for, mais duas vitórias vão me credenciar para disputar o cinturão novamente.
Você acredita na possibilidade de ser um dos técnicos do “TUF” ao lado do Colby Covington?
É real, soube que o UFC vai fazer um “TUF”, e o nome do Colby está cogitado, por isso estou na campanha para ser um dos técnicos. As categorias já foram definidas e os atletas já foram selecionados, só falta a definição dos treinadores. Vamos ver, os executivos do UFC se reúnem semanalmente às terças-feiras para casarem as lutas. Vou até mandar uma mensagem para o Dana para ele se lembrar de mim. Estou em forma, se não rolar o “TUF”, quero lutar em Londres ou em Las Vegas.
Qual foi a sua reação quando você viu que Belal Muhammad também está ativo na campanha para ser o outro técnico do “TUF”?
O Belal é muito fanfarrão, a luta no UFC Rio foi oferecida e ele recusou. Ele é bom em meme, mas eu não caio nessa. Se quiser lutar, a gente se enfrenta, mas não gosto dessas brincadeiras de internet, brinco apenas com os meus amigos.
Qual é a importância do trabalho com a sua psicóloga para você se manter confiante e motivado?
Eu e minha psicóloga Luciana Castelo Branco fizemos um trabalho intenso para este combate porque eu sabia da pressão que seria lutar em casa. Eu precisava entrar no octógono e ganhar de forma convincente, vencer na decisão não me ajudaria. Essa parceria me ajuda a organizar meus pensamentos e clarear o caminho para alcançar as metas traçadas. O objetivo é claro: ser campeão. No entanto, o passo a passo requer um plano diário. Não basta apenas treinar diariamente, a construção e organização dos pensamentos são essenciais. Nesta semana, vamos fazer uma avaliação da luta para verificarmos os prós e os contras de todos os processos. O trabalho da Luciana caiu como uma luva para mim e tem me ajudado muito.
Confira, nas imagens do repórter Gabriel Almada na Alliance Rio de Janeiro, os macetes de Gilbert Durinho para finalizar no katagatame.
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