Aos 42 anos, o mineiro de coração gigante Glover Teixeira (33v-8d) ficou perto de manter seu cinturão dos meio-pesados no UFC 275, realizado no sábado 11 de junho, em Singapura.
No entanto, um mata-leão a 28 segundos do fim do combate, no apagar das luzes do quinto assalto, chocou o brasileiro e o mundo. A técnica de Jiu-Jitsu deu ao tcheco Jiri Prochazka (29v-3d) o título de novo campeão dos meio-pesados.
Conhecido pelo poder de nocaute fulminante, Jiri se consagrou na área em que Glover é especialista. O faixa-preta conheceu sua primeira derrota por finalização em 41 lutas profissionais de MMA.
O improvável desfecho aconteceu quando Prochazka chegou às costas de um Glover já cansado, e encaixou o estrangulamento sem colocar os ganchos. Glover não resistiu à pressão do oponente e deu os três tapinhas.
Invicto há quase sete anos, Jiri emplacou a 13ª vitória consecutiva e interrompeu a sequência de seis triunfos do brasileiro.
Logo via Jiu-Jitsu, que havia sido o grande trunfo de Glover na caminhada rumo ao cinturão. O veterano venceu quatro dos últimos sete duelos por finalização. E todas essas via estrangulamento – foram três esgana-galos e um triângulo de mão. Agora, um estrangulamento tirou seu título. Foi a terceira vitória de Jiri Prochazka por finalização.
Até o lance decisivo e cruel com o brasileiro, Glover estava melhor no combate e vencia na pontuação parcial dos jurados. O faixa-preta trabalhava bem seu ground and pound, e desferiu golpes duríssimos no adversário. No chão, ele também quase conseguira a vitória num katagatame. Porém, Jiri resistiu e conseguiu uma virada emblemática com desfecho improvável.
Jiri, por sua vez, também usou sua juventude ao longo do frenético embate. O então desafiante, 13 anos mais jovem, imprimiu sequências fortes que balançaram Glover. Apesar da evidente defesa de quedas problemática, o tcheco compensou com bravura.
Em entrevista ao Combate.com, Glover Teixeira lamentou a derrota e refez o pedido por uma revanche imediata.
“Eu já estava me sentindo meio cansado e ele foi feliz ali. Em três semanas vou estar treinando de novo, e acho que mereço essa revanche pelo que eu deixei no Octagon. Ele também merece a revanche porque foi uma vitória que saiu ali, “pá”. O mata-leão pegou, mas você viu que ele não ficou tão feliz. Ficou falando que a performance dele não foi boa, então vamos nessa. A sua não foi boa, a minha também não foi. Vamos voltar lá, nós já nos conhecemos um ao outro e os dois têm a mesma mentalidade de samurai. E vamos de novo, cara, botar isso aí para frente o mais rápido possível. Dana White tem de fazer essa luta acontecer. Foi uma das melhores lutas dos últimos tempos e a gente vai fazer de novo”, comentou o ex-campeão.
O cenário na divisão dos meio-pesados não é dos piores e Glover tem boas chances de conseguir o que deseja. Em teoria, o próximo da fila é Jan Blachowicz, que venceu Aleksandar Rakic em seu último compromisso.
Outro possível desafiante ao trono de Jiri será o vencedor do confronto entre Magomed Ankalaev e Anthony Smith, números quatro e cinco do ranking e que duelam em 30 de julho.
A pior situação para o brasileiro seria um triunfo de Ankalaev sobre Smith. Embalado por oito triunfos seguidos, o russo, nascido no Daguestão, é um representante da nova geração, ainda não disputou o cinturão e pode ser um atrativo aos espectadores do UFC.
Além disso, Ankalaev é um wrestler com poder de nocaute e seria perigo real ao campeão. Mas para sonhar com o título, primeiro, o russo precisa passar por Smith, despachado por Glover em maio de 2020.
Já o veterano mineiro deu fortes indícios de que pode derrotar Prochazka, ao expor às brechas do tcheco como nenhum outro lutador havia feito no Ultimate. As cartas estão na mesa da divisão: que luta você marcaria pela cinta, fiel leitor?
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