Inspire-se nas aventuras do professor Luiz Dias, nosso GMI em Laranjeiras, no Rio de Janeiro, que sem nenhum contato ou recomendação, tampouco fluência em línguas estrangeiras, conseguiu desbravar a Europa com seminários de Jiu-Jitsu. Confira o relato da fera.
“No ano de 2010, minha esposa quis visitar o irmão que morava em Paris, na França. Foi quando eu visualizei a oportunidade de abrir meus horizontes como professor de Jiu-Jitsu. Pensei em fazer seminários, ajudar a difundir o arte suave pelo mundo, conhecer pessoas e ainda me capitalizar. Eu já era faixa-preta e tinha começado a formar minha equipe no Rio de Janeiro, tinha muitas idéias e sonhos. E tinha também uma certeza: eu jamais conquistaria nada grandioso se não lutasse por isso.
Então eu comprei uma briga com a minha mulher e meu cunhado: eu iria correr as academias, não iria fazer turismo com eles. Eu não sabia falar francês e tive que me virar sozinho com o mapa do metrô parisiense na mão. Logo na primeira academia que visitei, um ginásio de boxe e muay thai, fui recebido pelo dono, que ficou meio desconfiado. Num inglês improvisado ofereci uma hora de aula de defesa pessoal e caso gostassem eu daria aula para eles num preço a combinar. Como disse que era de graça, ele balançou a cabeça e fez sinal para eu entrar.
Não tinha dojô, era chão de cimento. Os lutadores de boxe que estavam ali se reuniram, ele falou algo em francês, não entendi nada, mas comecei a dar a aula. Tinha um irlandês lá que, ao falar comigo, me perguntou como sairia de uma gravata. Pedi que aplicasse o golpe em mim e ele, ao grampear meu pescoço, saiu apertando. Foi quando eu me toquei que ele estava efetivamente lutando contra mim. Fiz a defesa clássica da gravata, caí por cima dele, montei, marquei uns socos e finalizei na americana. Quando olhei para cima, todos calados. Não sabia se iria ser juntado ou o que iria acontecer… O dono da academia estava surpreso, afinal eu já era mais velho que eles e não tinha o mesmo porte físico que os boxeadores, meu diferencial era o Jiu-Jitsu.
O dono da academia fechou na hora um pacote de aulas, o irlandês virou meu amigo, e ainda me pagou uma cerveja. Fiquei duas semanas dando aulas e assim voltei os outros anos. De lá vieram convites através dos alunos para dar aulas em Portugal, depois Espanha, Hungria… E alguns anos depois abri minha filial no Porto, em Portugal, a GAS PORTO.
Sim, um professor de Jiu-Jitsu pode começar ‘do zero’ e construir sua equipe, fortalecer seu escudo e, no médio prazo, ter filiais bem sucedidas no Brasil e no exterior. Creio que toda a experiência pessoal que narrei neste artigo pode ser motivacional para outros professores saírem da zona de conforto e acreditarem naquele lema que apresentei no início do texto: jamais conquistaremos nada grandioso se não lutarmos por isso.”