Sete vezes campeã mundial de Jiu-Jitsu, Hannette Staack está pronta para o Pan 2012, que terá início nesta quinta-feira, em Irvine, Califórnia. Batemos um papo com a faixa-preta da Brazil 021, equipe com sedes no Rio e Chicago, e a lutadora já adiantou que não disputará o absoluto, adiando um possível confronto com Gabi Garcia para Abu Dhabi. Confira:
Como foram os treinos para o Pan 2012?
Os treinos estavam bem fortes, e na reta final diminuímos o ritmo. Mas o treino foi preparado pelo André Terêncio junto com o meu preparador físico Erik Salum e consistiu de três etapas. A fase 1 foi a de adaptação, a fase 2 de ritmo e intensidade, e a fase 3 de manutenção. Os treinos foram divididos em três partes diárias, com parte física (força, resistência e alongamento), treino técnico e tático de Jiu-Jitsu e “porrada”. A terceira etapa era o cárdio, que era realizado todos os dias após toda a sessão de treinamento. Isso fora o trabalho com o Jiu-Jitsu também realizado todos os dias, exceto no domingo.
A “carta na manga” para o Pan de Jiu-Jitsu
Quantas horas de treinos por dia?
Eu diria que foram três a quatro horas diárias de segunda a sábado. Domingo, eu descanso para o corpo recarregar as energias.
O que você mais treinou?
É difícil dizer exatamente o que estamos treinando, mas eu posso dizer que de tudo um pouco. Melhorando os pontos fortes e ajustando o que faltava ajustar. Mas sempre tem aquela técnica especial, que a gente considera a “carta na manga”, que é o diferencial do treino, mas essa eu não posso contar ainda!
Jiu-Jitsu contra a tecnologia diária
Deu para tirar algum ensinamento desse treino, algo especial para o nosso leitor praticante?
Sempre avalio meus treinamentos, tirando algum ensinamento que possa valer para minha vida. Dessa vez não foi diferente. Meu maior ensinamento foi treino e trabalho. Conciliando os treinos e o trabalho diário, “esquecendo” o resto. Sabe qual é o problema? Com toda essa tecnologia, você acaba tentado a prestar mais atenção no que os outros estão fazendo do que em você mesmo. Isso no meu caso me dava uma ansiedade muito grande, porque no final das contas você acaba achando que o seu treino não é suficiente, e até entra em estado de overtraining. Por isso é importante lembrar que devemos usar a internet a nosso favor, mas com cautela. E de vez em quando até mesmo esquecê-la para que possamos focar no objetivo que deve ser alcançado, que é o treinamento correto para uma competição perfeita.
Como anda a academia em Chicago?
A academia está indo bem, cada dia tem mais pessoas interessadas em aprender o Jiu-Jitsu verdadeiro. Na nossa escola a gente preza muito a disciplina, o ambiente familiar, mas não deixamos de lado a competição, por isso podemos dizer que vamos do antigo ao moderno. A gente tem uma turma de competição todas as quartas-feiras e a galera que gosta de competir está sempre presente. Para este Campeonato Pan-Americano, temos cinco atletas de Chicago que estarão lá, uma delas uma aluna minha que acabou de ganhar a faixa-roxa, após vencer o Chicago Open. Ela treina comigo há uns quatro anos e é um talento no esporte. Assim como ela, tenho outras meninas que já estão dando trabalho na faixa-azul e em breve vamos escutar falar nelas. Estou muito feliz em ver mais meninas especialmente na minha academia, querendo aprender e praticar Jiu-Jitsu.
Comente seu desempenho no último Pan, contra a Luanna. O que vai mudar para este ano?
Meu desempenho foi bom, fiz lutas duras, o resultado final não foi o esperado, perdi por duas vantagens, mas sei que foi uma luta dura, onde quem errou menos ganhou e nesse caso foi a Luanna Alzuguir, mas não fiquei triste, pois estava em 2010 sem competir e o retorno aos tatames me fez muito bem, sei que se de repente tivesse usado uma estratégia diferente poderia ter ganhado a luta. É difícil superar a vitória, imagina a derrota. Mas, em geral, aprendi muito no Pan do ano passado. Este ano estou me aventurando numa categoria diferente da minha de costume, o meio-pesado e parece que todo mundo desistiu de lutar (risos). Acho que será legal competir com pessoas diferentes das que geralmente estão na minha categoria, uma experiência nova que vai acrescentar ainda mais na minha carreira de lutadora. Espero que o resultado seja bom.
Qual a expectativa para o absoluto e um possível duelo com a Gabi Garcia?
Bom, essa pergunta não posso responder ainda, pois não devo lutar o absoluto do Pan esse ano. Ocorre que estou esperando uma resposta para lutar o World Pro, que por motivos de saúde não pude lutar nas seletivas aqui nos Estados Unidos. As competições ocorreram no mesmo fim de semana, que eu estava com febre e muito gripada, sem condições de fazer nada. Mas quem sabe, se eu receber esse convite poderá ter uma final da gente de novo. Eu espero poder ir!