Feche os olhos por alguns segundos e tente imaginar dois povos vivendo um conflito apimentado por um ódio milenar. Bingo para aquele que como a maioria lembrou de israelenses e palestinos. Então você fica imaginando esta guerra que não encontra seu fim, os esforços infrutíferos de diversos líderes mundiais em apaziguar ânimos e criar alguma solução mágica que, de uma vez por todas, consiga unir estes dois povos.
Quantos milhões de dólares já foram utilizados em projetos para que pelo menos as crianças pudessem ter uma chance de paz, através de um convívio com o outro? Quantas escolas e centros de futebol não foram abertas e apadrinhadas por personalidades estrangeiras, algumas que se mantêm, e outras que não tiveram o sucesso esperado ou foram boicotadas? Tudo parece inútil. Ou parecia.
O trabalho pela paz é um trabalho de formiguinha, diário e que presume muita paciência e doação pessoal. Foi isso que trouxe fama ao trabalho do instrutor de Jiu-Jitsu Marcos Gorinstein. Marquinhos, faixa-marrom da Gracie Humaitá, migrou para Israel em 2010, e como judeu e sociólogo via a necessidade de encontrar soluções para talvez não o término do contínuo conflito, mas para uma mudança de referências dentro daquela sociedade. Marcos tinha em suas mãos, talvez ainda sem saber, uma formidável ferramenta: o Jiu-Jitsu.
Ao passar por uma escola em Jerusalém, leu no muro da mesma o seguinte lema: “Nós nos recusamos a ser inimigos”. Tratava-se de uma escola onde alunos árabes e judeus estudavam juntos. O faixa-marrom teve a luz e resolveu mostrar o nosso Jiu-Jitsu, e a aceitação foi impressionante.
Após alguns meses de aulas, notando como o a arte suave aproximava ainda mais os alunos, Marcos foi até a Cisjordânia e implantou um pequeno centro na cidade de Beit Jalah, próxima a Belém, e na cidade de Hebron, para atender crianças palestinas. O plano hoje é, dentro de pouco tempo, conseguir agregar as crianças israelenses que praticam Jiu-Jitsu em Jerusalém a essas palestinas que vivem na Cisjordânia, através do projeto Árvore da Vida. As dificuldades? Imensas.
O professor já teve o carro apedrejado numa via da Cisjordânia só porque a placa era israelense. Também foi ameaçado por colonos judeus em Hebron. Mas nada disso fez com que o valente instrutor perdesse o ímpeto de continuar a aproximar seus alunos. Este projeto chamou a atenção do correspondente da rede Globo na região, Rodrigo Alvarez, e um documentário está sendo produzido pela Globo Filmes, com o título “Você não me conhece”.
E você e eu, como podemos ajudar? As crianças, principalmente as palestinas, são em sua maioria moradoras de campos de refugiados como o de Deheisha em Belém, e ainda não conseguem adquirir kimonos. Marcos esteve em setembro no Brasil tentando angariar recursos para compra de kimonos e tatames. Apesar de termos inúmeros projetos sociais tocados a grande custos pessoais por professores no Brasil, lá no Oriente Médio Marcos é um cavaleiro solitário e também necessita do apoio da comunidade do Jiu-Jitsu. Quem puder ajudar a fazer a paz é só entrar em contato pelo Facebook pessoal dele, aqui.
Feche os olhos agora e imagine a única coisa o que poderia aproximar tanto crianças de dois povos divididos pelo ódio. Bingo para aquele que respondeu: o nosso brasileiríssimo Jiu-Jitsu.