Bicampeão mundial na faixa-preta, o peso leve Michael Langhi curtiu quase três anos sem conhecer a derrota de kimono, até 2010. No último Mundial, em junho, o professor da Alliance voltou aos melhores dias na Califa, mas não conseguiu domar Leandro Lo (Cícero Costha) na final e ficou com a medalha de prata.
A exibição no entanto rendeu o convite para o ADCC Pequim, mas na categoria de cima, já que o amigo Lucas Lepri ficou com a vaga até 77kg. O faixa-preta paulista comentou o que espera conquistar no prestigiado torneio sem kimono, nos dias 18 e 19 de outubro.
GRACIEMAG: Vai a Pequim de franco atirador, então?
MICHAEL LANGHI: Fico feliz com o reconhecimento do meu trabalho, afinal o ADCC é um evento realmente diferente de todos os outros. Vou fazer de tudo para atrapalhar quem for, mantendo minhas características de fazer guarda mas bem à vontade por cima também. Vou lutar sem dúvida com menos pressão por estar uma categoria acima. Consigo chegar até 82kg tranquilo hoje em dia, então darei ênfase na parte de força em minha preparação. Quando o Fabio Gurgel me ligou para contar sobre o convite, fiquei feliz e logo depois pensei: “Pô, até 88kg os caras vão me matar [risos]”. Mas não negaria um convite desses nunca. Tenho consciência de que é difícil uma pessoa sair da categoria até 77kg e ganhar na 88kg, mas como competidor que sou não posso ir com outro pensamento que não seja vencer. Tenho 1% de chance, porém enquanto tiver essa chance vou tentar até o final. Serei o franguinho abusado no meio dos grandões, espero fazer boas lutas.
O que você muda no seu jogo para um torneio sem pano?
Até hoje só lutei duas competições sem kimono, e ganhei as duas: um Brasileiro e um Europeu. Estou invicto sem pano! [Risos] Não tive muitas experiências sem pano, não porque não gosto, mas não tive oportunidade de lutar muito. As competições de pano são no segundo semestre e sempre estou fora em seminários, mas treino sem pano toda semana. O jogo fica mais veloz, então vou usar a velocidade a meu favor já que serei o mais leve do peso. Outra coisa é que, como não temos pano para segurar, temos de adaptar as pegadas de outra forma. Isso atrapalhou meu jogo no começo, eu dependia muito das mangas para a guarda-aranha, mas agora mudei meu jogo sem pano e estou adaptado. Meu estilo é ofensivo, como o Rubens Cobrinha e o Fabio Gurgel me ensinaram.
O que você aprendeu na final contra o Leandro Lo, no Mundial 2013, em que ele venceu por uma raspagem?
O aprendizado mais importante é que preciso abrir mais minha cabeça. Tenho de variar meu jogo sempre, não posso ser previsível. Meu jogo realmente não está batendo com o do Lo. Ele tem uma envergadura muito grande para a categoria, e aprendi que vou ter de mudar algo. Já estou fazendo esse trabalho desde agora, e tentando evoluir e criar outros tipos de jogos para poder surpreender. O saldo no entanto foi positivo, apesar da meta não alcançada, pois segui vitorioso no Europeu, Pan e Brasileiro, e agora tenho essa chance no ADCC, em outubro.