Lutadoras comentam sobre nova categoria feminina do ADCC

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ADCC 2024 será disputado na T-Mobile Arena, em Las Vegas. Foto: Nicholas Damien/ADCC

O Jiu-Jitsu feminino conquistou uma vitória expressiva na última semana. Organizador do ADCC, Mo Jassim anunciou que o ADCC 2024 contará com três divisões femininas. As duas categorias já existentes sofreram alterações e Mo confirmou a criação de uma nova. De agora em diante, as mulheres podem competir nas categorias até 55kg, até 65kg e acima de 65kg.

Joia do Jiu-Jitsu feminino, Giovanna Jara participou do ADCC 2022 quando ainda estava na faixa-marrom. A atleta da Frates foi promovida à elite do Jiu-Jitsu após conquistar o ouro duplo no Europeu, no Pan e no Brasileiro deste ano. Ela ficou fora do Mundial 2023 devido a uma contusão na perna, em maio. 

Giovanna Jara faturou o ouro duplo no Europeu 2023 como faixa-marrom. Foto: Divulgação/IBJJF

Giovanna reiterou que a notícia é animadora para as mulheres e vai incentivar o Jiu-Jitsu sem kimono feminino.

“Foi uma decisão importante. Sempre achei que deveria haver mais categorias femininas no ADCC. Há casos em que meninas ficam em desvantagem. Ou elas precisavam perder bastante peso para bater 60kg ou enfrentavam adversárias bem mais pesadas na divisão de cima. Por esses motivos, a terceira categoria foi importante até para o incentivo ao sem kimono feminino”, disse Giovanna.

Jara afirmou que este progresso a deixa mais motivada para competir no ADCC.

“Essa notícia me deixa mais motivada como lutadora, entretanto, pretendo continuar acima de 65kg porque me sinto bem. De qualquer forma, fico contente pelo crescimento do Jiu-Jitsu feminino no campeonato”, ponderou a nova faixa-preta. 

Professora da Gracie Barra Curitiba e entusiasta do Jiu-Jitsu feminino, Nika Schwinden comentou a importância da inclusão da nova categoria para mulheres no ADCC.

“Foi uma vitória, estamos num momento no qual o Jiu-Jitsu feminino tem tido uma relevância capaz de levar as pessoas a se preocupar em abrir novas categorias. E isso é bom para a comunidade do Jiu-Jitsu como um todo, porque acredito que quanto mais mulheres a gente tiver no tatame, consequentemente mais crianças, mais famílias estarão no tatame e o nosso esporte vai crescer cada vez mais”, afirmou Nika.

Nika Schwinden durante cerimônia de graduação na Gracie Barra Curitiba. Foto: Milena Freitas/VF Comunica

A professora ressaltou a importância desta decisão da organização, porém, destacou que este é apenas o começo de uma batalha para impulsionar o desenvolvimento do Jiu-Jitsu feminino.

“Eu falo bastante da palavra representatividade, sobre como essa divisão será importante para o desenvolvimento do Jiu-Jitsu feminino. Poder ter a possibilidade de qualquer perfil de mulher se encaixar numa competição é crucial, por isso eu digo que a inauguração da categoria até 55kg foi importante, mas o sistema continua falho e ainda exclui mulheres mais pesadas. A nossa luta será para a criação de categorias semelhantes às masculinas. Então, ao meu ver aindafalta uma categoria até 75kg e outra acima de 75kg. Estamos felizes com essa vitória, mas ainda não vencemos a guerra”, declarou a professora da Gracie Barra Curitiba.

Nika Schwinden vibra no tatame. Foto: Camila Nobre/Focados no Tatame

Nika espera que não só o ADCC, mas os torneios de Jiu-Jitsu em geral ofereçam mais espaço e visibilidade para as mulheres competirem porque existe um potencial expressivo a ser explorado no Jiu-Jitsu feminino.

“Já fui a diversos eventos que foram salvos por lutas femininas. O perfil da mulher é ser lutadora, ela deixa tudo de si no tatame e briga até o final. Fico na torcida para que os donos de eventos notem isso e percebam o quanto é relevante ter mais mulheres nos campeonatos porque, de uma forma geral, vai fomentar o desenvolvimento do Jiu-Jitsu como um todo. Eu entendo que o dono de evento trabalha com números e existem mais praticantes homens do que mulheres.  Mas, como professora de Jiu-Jitsu para mulheres, posso garantir que elas consomem mais Jiu-Jitsu do que homens. Ou seja, se conseguirmos trabalhar no desenvolvimento do Jiu-Jitsu feminino, podemos agregar bastante valor a nível comercial ao nosso esporte”, refletiu a faixa-preta. “Hoje 30% da nossa escola é composta por mulheres, em torno de 130 alunas matriculadas. Posso te garantir que elas trazem mais alunos, consomem mais kimono e falam mais de Jiu-Jitsu. Se existe uma entusiasta de Jiu-Jitsu melhor do que uma mulher, ainda desconheço. Posso ser suspeita ao falar isso já que sou mulher, mas vivo isso todo dia e posso falar com propriedade”, finalizou Nika.

 

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