Marcelo Garcia ainda tem um sonho

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No seu twitter, @marcelogarciajj era só festa após a finalização de Fabricio Werdum em cima de Fedor Emelianenko, assim como festejaram dezenas de outros mestres por todo planeta.

Mas Marcelinho também tem suas próprias razões para celebrar. Não apenas sagrou-se tetracampeão mundial de Jiu-Jitsu, em junho último, como o fez numa das divisões dos médios mais duras de todos os tempos.

Marcelo Garcia em ação no Mundial 2010, em foto de John Lamonica.

Como Marcelinho manteve a motivação, e especialmente o alto nível de competitividade, para vencer um peso infestado de feras do calibre de Delson Pé de Chumbo, Abmar Barbosa, Alan Finfou, Ryan Beauregard, Mike Fowler, Tiago Alves, Bill Cooper, Murilo Santana, Serginho Moraes, Lucas Leite, Clark, Kron e Kayron Gracie, é o que ele conta ao GRACIEMAG.com.

Dono de uma das passagens de guarda mais justas do Jiu-Jitsu e do estrangulamento norte-sul mais letal do esporte, Marcelinho ventilou a chance de voltar em breve no Grapplers Quest absoluto sem kimono, nos dias 10 e 11 de julho, contra 31 outros astros.

E o filho mais ilustre da cidade de Formiga, Minas Gerais, falou ainda sobre os adversários no peso médio, a final contra Claudio Calasans e para quem ele quer passar o bastão da categoria, um dia.

Parabéns pelo quarto ouro, Marcelinho. Está ficando mais fácil ou mais difícil?

(Risos) Olha, acho que está ficando mais difícil finalizar, mas vencer até que não. Explico: você pode reparar que meu jogo continua o mesmo, eu lutei o tempo todo com a guarda aberta buscando atacar, pontuando mas buscando a finalização. O problema é que os oponentes não abrem o jogo mesmo quando eu saio na frente, então a luta fica meio amarrada, eu acho. Então, se o pessoal continuar sem abrir o jogo, mesmo quando estão perdendo no placar, acho que vou continuar vencendo mais alguns anos, né?

Como foi a final contra o Calasans na sua visão?
Aconteceu um pouco disso que eu falei, acredito. Eu estava na frente no placar, e mesmo assim ficou parecendo que ele preferia não abrir o jogo e tentar vencer do que ser campeão. Com isso eu acabo obrigado também a não me expor no finzinho, né, quem vai se arriscar a perder um título nos últimos segundos enquanto o oponente joga fechado o resto da luta toda? Então acho que o pessoal está cada vez mais duro, mas sem querer MESMO vencer. É por isso que acredito que continuo vencendo, e se Deus quiser vou ser penta, hexa, e por aí vai.

A falta de ritmo de campeonatos não o atrapalha nunca?
Na verdade eu treino com e sem kimono todo dia, né? É por isso até que devo participar do próximo Grapplers Quest, 32 atletas na categoria absoluto (nos dias 10 e 11 de julho). Mas acredito que lutar só o Mundial e o ADCC não é pouco, mesmo porque a um mês do campeonato eu dou muito duro, treinando muito mesmo, pelo menos duas vezes por dia. O resto do ano eu também vivo o Jiu-Jitsu ao máximo, mas me dedicando aos meus alunos, à minha academia e ao projeto de ensinar pela internet, que são minhas grandes paixões hoje, tanto quanto competir.

O que o motiva a continuar lutando?
Desde que comecei a lutar na faixa-preta, em 2003, não teve um ano que não vieram me falar, “Pô, sua categoria é uma das mais duras, hein”. E de lá para cá tenho enfrentado os melhores. Hoje, continuam aparecendo muitos novos talentos, e me motiva medir minha técnica com as deles.

Quem é o sucessor dos seus sonhos, quando chegar a hora de parar de lutar o Mundial de Jiu-Jitsu? Alguém da Alliance, como o Serginho?
Cara, meu sonho mesmo é vencer mais alguns anos e passar o bastão para um aluno meu, ou alguém que tenha um jogo inspirado no meu. Acredito que agora com minhas técnicas disponíveis no YouTube através do site www.mginaction.com isso seja possível. Eu já senti este ano o pessoal tentando umas técnicas de guarda-X e outras que eu ajudei a desenvolver – e tentando contra mim! Pô, isso é o maior orgulho.

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