A peso-palha Maria Oliveira estará em ação no UFC 289, a ser disputado no próximo sábado, 10 de junho, em Vancouver, no Canadá. Maria terá pela frente a romena Diana Belbita no card preliminar do evento. A brasileira não fez uma preparação ideal para o combate por um motivo inusitado. Ela participou do reality show “A grande conquista”, da Record. Maria iniciou os treinamentos para o duelo há cerca de duas semanas, mas decidiu não cancelar o compromisso.
Maria fará sua quarta luta no Ultimate e busca sua segunda vitória na organização. Em sua aparição mais recente no octógono, a brasileira foi derrotada pela americana Vanessa Demopoulos por decisão unânime dos jurados, em novembro do ano passado.
Maria Oliveira tem uma relação de afinidade com a cantora Anitta. Depois que se conheceram, Maria passou a frequentar os shows e o camarim da renomada artista.
Em bate-papo com o GRACIEMAG.com, Maria Oliveira explicou como surgiu a amizade com a estrela do pop, analisou sua próxima luta e relembrou o começo turbulento no MMA.
GRACIEMAG: Que pontos você mais tentou evoluir nessa reta final de preparação?
MARIA OLIVEIRA: Como eu não tive tempo para fazer uma preparação mais longa, eu tracei uma meta de não acrescentar nem tirar nada no meu jogo, mas quero melhorar o meu gás o máximo possível. Os meus treinos físicos estão voltados aos exercícios de força e explosão. O meu objetivo é fazer três rounds sem cansar.
Como surgiu essa amizade com a cantora Anitta?
Nossa relação começou porque entrei como penetra na festa de aniversário dela, em Las Vegas, ano passado. Depois que consegui entrar na festa, fui a outras apresentações da Anitta, entrei no camarim e conversei com ela diversas vezes. Mas nós não somos tão próximas. Nós nos falamos mais quando eu peço para ir a um show dela. Eu fiquei realmente amigo do irmão dela, que inclusive treinou comigo em Vegas.
Como você analisa o duelo contra Diana Belbita?
Nós temos níveis parecidos na luta agarrada, creio, mas me vejo mais agressiva do que ela no muay thai, o que considero uma vantagem minha. O meu diferencial em relação a ela é que eu sou superior na trocação e tenho uma defesa de queda mais eficiente. É uma luta que se encaixa com meu jogo, por isso optei por não cancelar o combate.
Você pretende colocar o Jiu-Jitsu em jogo contra a Belbita?
Eu pretendo fazer a mesma estratégia que tive contra a Glorinha de Paula, que venci no UFC, enquanto a Belbita perdeu para ela. Então eu quero trocar com ela e depois pretendo quedá-la para ampliar a vantagem na luta. A Diana já foi finalizada quatro vezes na carreira e eu melhorei bastante meu Jiu-Jitsu em relação à minha última luta, quando perdi ao ser superada no chão. Quem sabe eu consiga uma finalização dessa vez.
Que aprendizados você tirou da sua última luta?
Eu nunca tinha subido no octógono com tanta certeza da vitória. Eu achava que venceria por nocaute. Depois de perder, entendi que cada uma tem 50% de chances de vencer. Eu tiro muitos pontos para evoluir a cada luta, especialmente nas derrotas. Então foquei no Jiu-Jitsu e na defesa de quedas. Depois de assistir à luta, percebi que tive uma postura afobada e me prejudiquei ao levar o knockdown, o que me custou a vitória. Eu estava melhor na luta até que levei um golpe duro. Acredito que eu sempre amadureço com a derrota.
Que lições você tirou na sua carreira até o momento?
Eu entendi que a vida do atleta é feita de altos e baixos, e comigo não foi diferente. Tive diversas experiências internacionais, como no Rizin, que é disputado no Japão, e no UFC. Conquistei várias vitórias e sofri algumas derrotas, que foram essenciais para eu trabalhar a minha mentalidade porque eu não sabia lidar com elas. A luta me ensinou a ser forte o tempo inteiro e a não aceitar treinar mal. Mas, com o tempo, aprendi que nós não estaremos bem sempre e a oscilação é normal. Antes de migrar para o MMA, eu lutei profissionalmente no muay thai, são 12 anos nessa estrada. Evoluí não só como lutadora, mas como pessoa.
A derrota na estreia no MMA desmotivou você?
Demais, eu vinha numa longa sequência invicta no muay thai e fazia tempo que eu não sabia o que era perder. Eu fiz a minha estreia no Shooto, que é um evento bem conhecido e transmitido para todo o Brasil. E eu sequer tinha feito uma luta de MMA amador. Quando perdi, senti um baque. Ouvi de muitas pessoas que eu deveria desistir da luta para estudar e que esse esporte não era para mim. E isso é algo constante quando eu perco, mas quando eu ganho a visão das pessoas muda totalmente.
Seus familiares deram apoio no começo da sua carreira?
Hoje eles aceitam, mas não me apoiaram no começo, o que era horrível para mim. Quando eu vencia, até era parabenizada, mas eles me aconselhavam a desistir da vida de lutadora quando eu sofria uma derrota. Eu vivi com essa pressão. A minha família passou a aceitar em 2017, depois que venci uma luta pelo Rizin, no Japão. Foi bem marcante para mim. Era a minha primeira viagem internacional e eles se reuniram em casa para assistir à minha luta. Fui muito elogiada por eles depois da vitória e os meus parentes começaram a entender que eu seguiria esse sonho. Tenho uma tia que até hoje não aceita porque ela teme que eu possa sofrer danos na cabeça no futuro, mas eu sigo meus sonhos.