O campeão de Jiu-Jitsu Roger Gracie, 30 anos, está à espera de Anderson Silva.
Calma lá, é que os dois agora são parceiros de treino, e Roger está em Los Angeles, no QG da equipe Black House no bairro de Compton, ansioso para ver seus treinos reforçados pelo campeão – e também por Fabricio Werdum, o aniversariante do dia Wanderlei Silva, o técnico Rafael Cordeiro e outros astros que estavam no Brasil.
Roger Gracie está hoje com 95kg, e precisa bater 84kg para sua sexta luta no MMA, contra Keith Jardine, no dia 14 de julho, no evento Strikeforce – Rockhold vs. Kennedy, em Portland, Oregon. Perder esses 11 quilos, no entanto, é a parte mais fácil dessa empreitada, segundo o próprio Roger.
Vindo de um nocaute sofrido contra King Mo, o Gracie tem treinado até cinco horas por dia com a fera Lyoto Machida. Tudo para corrigir um dos erros que cometeu: ter mantido a mão esquerda muito baixa e a cabeça inclinada para trás. Para tal, tem aprendido a caminhar melhor no ringue, e outros segredinhos.
Pegando o carro para ir almoçar, Roger bateu um papo com o GRACIEMAG.com. Ele falou sobre erros, acertos e o Jiu-Jitsu no MMA, bem como sobre o IBJJ Pro em dezembro. Quando Roger volta ao pano? Descubra aqui.
Como você pretende perder 11 quilos até o dia 14?
Eu já fiz antes e não é nada preocupante. O que faço é perder um ou dois quilos esta semana. A uma semana da luta, desidrato e perco dez, nove quilos.
Essa mistura de karatê com Jiu-Jitsu deve estar boa. Como tem sido treinar desviando dos socos de Lyoto Machida?
Treinar com ele tem sido muito bom para mim. Ele pula igual pipoca, é impressionante (risos). Além de ser um cara completo e muito dedicado, Lyoto é hoje um dos melhores do UFC, se não o melhor, na movimentação em pé. Seu jogo pouco costumeiro e sua velocidade de bater e sair com muita agilidade estão me deixando mais esperto em pé. Ele tem uma finta e uma capacidade de aplicar golpes de surpresa que surpreendem todo mundo. Tem sido um grande aprendizado. Sem falar no wrestling dele, que é ótimo. Se eu for capaz de botá-lo para baixo serei capaz de fazer o mesmo com qualquer um.
Como tem funcionado os treinos na Black House, na Califórnia?
Aqui tem uns caras duros, como o Kevin Casey, que também é bom de chão, é aluno do Rickson. A gente treina de tudo, de diversas formas. Tem hora que é só derrubar, outra hora é só trocação, só chão. Mas tem também trocação até derrubar, derrubar e treinar chão, etc. Se for contar as horas, tenho realmente treinado menos Jiu-Jitsu e mais botar para baixo. Mas estamos ficando preparados para qualquer situação. O bom é que o Lyoto também vai lutar no UFC, três semanas depois da minha luta, com Ryan Bader. O treino é puxado pelo Pedro Munhoz, enquanto o Rafael Cordeiro está no Brasil, e ainda tem o Adriano Camolesi, faixa-preta de Jiu-Jitsu que está com a mão bem boa.
Você andou treinando com o pessoal do Pedro Rizzo na Refinaria de Manguinhos, no Rio. Do que mais você tem gostado nesses treinos todos?
A estrutura lá e aqui é ótima. Mas o melhor é que é um treino inteligente, não é um querendo matar o outro, nem provar nada. O seu oponente, obviamente, vai vir para dentro, vai treinar duro. Mas não é aquele confere o tempo todo, que só aumenta o risco de machucar. No MMA profissional de hoje, não pode ser só galegada. Aquele tempo de treinar para vale-tudo trocando porrada com peão já passou.
Você vem de um nocaute. Que lições você mais quer tirar de treinos com Lyoto Machida, ou um Anderson Silva, que deve chegar aí um dia?
Pois é, o Anderson não veio, foi direto para Las Vegas. O que foi uma pena. Seria um excelente treino também. Ainda não treinamos juntos, mas acho que vai ser legal. Acho que aprendi muito com o nocaute. Se você for inteligente, realmente você pode aprender muito com a derrota. E a primeira coisa que aprendi foi que eu não era suficiente bom em pé como eu estava achando (risos).
Qual foi seu maior erro contra King Mo?
Cometi o erro mais frequente, aquele que vejo muita gente top do Jiu-Jitsu cometer também. A gente passa a treinar muito em pé, e automaticamente melhora. Isso resulta numa autoconfiança um pouco perigosa. Porque em pé você é no máximo igual aos outros, nunca é melhor. Então o que eu percebo hoje é que não posso deixar essa ideia de ficar trocando em pé me dominar. Jamais.
É cozinhar e levar para o chão…
Eu tenho de levar o cara para o chão, pois é ali que eu seguramente tenho uma vantagem. Não vou ter nunca essa vantagem toda em pé. Mas é bom saber trocar para o atleta não ficar desesperado, pois aí é fácil de defender a queda. Estou treinando, no fundo, para isto. Para ficar com um jogo mais imprevisível. Eu não quero que o oponente saiba o que eu vou fazer no instante seguinte. Se conseguir aperfeiçoar isso no meu jogo, acredito que tenho chance de fazer algo grande no vale-tudo. Vamos ver.
Reviu algumas lutas do Keith Jardine, seu oponente?
Sim. Ele é perigoso mas é um lutador que não varia muito seu estilo. Então hoje estou mais preocupado comigo mesmo.
Você leu aqui sobre o IBJJ Pro, o novo torneio com prêmios em dinheiro na Califa, em dezembro?
Achei ótimo, vai dar um ibope bom. Os melhores certamente vão estar lá. Mas acho que este primeiro eu provavelmente vou assistir como vocês, de camarote. Quero lutar de novo antes do fim do ano. O que me incomoda mesmo é o Mundial, quero lutar em 2013 com certeza. Já fiquei dois anos fora, houve uma renovação legal e quero voltar.